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Macron anuncia que a França reconhecerá o Estado palestino em setembro
Um total de 142 países já fizeram o reconhecimento, segundo uma contagem da agência AFP


A França reconhecerá o Estado palestino em setembro, durante a Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, anunciou nesta quinta-feira 24 o presidente Emmanuel Macron.
“Fiel ao compromisso histórico com uma paz justa e duradoura no Oriente Médio, decidi que a França vai reconhecer o Estado da Palestina. Anunciarei solenemente durante a Assembleia-Geral da ONU, em setembro”, publicou Macron no X e no Instagram.
França e Arábia Saudita presidirão uma cúpula internacional em nível de chefes de Estado e de Governo com o objetivo de relançar a chamada solução de “dois Estados”, um palestino e outro israelense.
Essa conferência estava inicialmente prevista para junho, mas foi adiada em razão da guerra de 12 dias entre Israel e Irã.
Antes da cúpula, ocorrerá uma reunião ministerial em Nova York em 28 e 29 de julho.
Até o momento, pelo menos 142 países reconheceram o Estado palestino, segundo levantamento da AFP. Estados Unidos e Israel se opõem firmemente a essas iniciativas diplomáticas.
O vice-primeiro-ministro israelense, Yariv Levin, classificou a decisão como “uma mancha negra na história francesa e uma ajuda direta ao terrorismo”.
Levin, que também é ministro da Justiça, afirmou que a “decisão vergonhosa” da França significa que agora é “o momento de aplicar a soberania israelense” na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967.
‘Reconher plenamente Israel’
Com esse gesto, a França busca “dar uma contribuição decisiva para a paz no Oriente Médio” e “mobilizará todos os seus aliados internacionais dispostos a participar”, escreveu Macron em carta dirigida ao presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, que administra parcialmente a Cisjordânia ocupada.
O vice-presidente da Autoridade Palestina, Hussein al-Sheikh, comemorou nesta quinta-feira o anúncio.
“Essa posição reflete o compromisso da França com o direito internacional e seu apoio ao direito do povo palestino à autodeterminação e ao estabelecimento do nosso Estado independente”, afirmou.
Em maio de 2024, Irlanda, Noruega e Espanha anunciaram o reconhecimento, seguidas pela Eslovênia em junho.
A França, como integrante do Conselho de Segurança da ONU, tem peso diplomático especial. Entre as grandes potências europeias, contudo, não há consenso: a Alemanha, por exemplo, considera que um reconhecimento neste momento seria um “mau sinal”.
Macron declarou na rede X que é urgente “que a guerra em Gaza termine e que a população civil receba ajuda”.
Nesse contexto, “é preciso finalmente construir o Estado da Palestina, garantir sua viabilidade e permitir que, ao aceitar sua desmilitarização e reconhecer plenamente Israel, ele participe da segurança de todos no Oriente Médio”, acrescentou o presidente.
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