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Justiça Eleitoral/ Três vezes inelegível

Pablo Marçal sofre uma nova condenação e continua impedido de disputar eleições até 2032

Justiça Eleitoral/ Três vezes inelegível
Justiça Eleitoral/ Três vezes inelegível
O ex-coach ainda pode recorrer das decisões em Cortes superiores – Imagem: Renato Pizzutto/Band
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Na terça-feira 22, Pablo Marçal foi condenado pela terceira vez à inelegibilidade pela Justiça Eleitoral. O juiz Antônio Maria Patiño Zorz considerou o influenciador e ­ex-coach culpado por uso indevido dos meios de comunicação social, abuso de poder econômico e captação e gastos ilícitos de recursos durante sua campanha à Prefeitura de São Paulo, em 2024.

A decisão atende a pedidos apresentados pelo PSB, partido da então candidata à prefeitura Tabata Amaral, e pela vereadora Silvia Ferraro, do PSOL. O magistrado reconheceu que Marçal cometeu uma série de irregularidades e crimes, incluindo ataques à honra de adversários e ilações sobre a lisura do processo eleitoral. Entre os episódios mencionados no despacho de Zorz estão as alegações de que Tabata teria usado indevidamente recursos do fundo partidário e as delirantes acusações de que Guilherme Boulos seria usuário de cocaína – todas sem apresentar provas.

Em abril, Marçal havia sido condenado pelo episódio conhecido como “campeonato de cortes”, no qual oferecia prêmios em dinheiro para quem “viralizasse” vídeos com trechos favoráveis à sua candidatura e ataques a adversários. Em fevereiro, a Justiça Eleitoral o condenou por ter se oferecido para gravar vídeos de apoio a candidatos da direita em troca de transferências via Pix no valor de 5 mil reais. Em todos os casos, o influenciador foi punido com a inelegibilidade por oito anos – as penas não são somadas. As decisões são de primeira instância e ainda cabem recursos.

Convite aos alienígenas

“Até o E.T. sabia a hora de voltar para casa”, afirmou a Embaixada dos EUA no Brasil, na quarta-feira, 23, em uma publicação nas redes sociais dirigida a brasileiros que vivem de forma ilegal no país. Com a referência ao clássico filme de ficção científica E.T. – O Extraterrestre (1982), a representação diplomática recomenda que os imigrantes usem o aplicativo CBP One para ter a oportunidade de retornar “com apoio e dignidade”. Desde maio, o governo Trump dispõe-se a custear as passagens e oferece uma ajuda de custo de mil dólares para quem optar pela “autodeportação”.

São Paulo/ Fogo amigo

Sargento da Rota mata policial civil por engano em favela paulistana

A ocorrência foi registrada pela câmera corporal do PM – Imagem: Redes Sociais/SSP/PMSP

Mais um episódio trágico expõe o descontrole da PM sob a gestão Tarcísio de Freitas. Na quinta-feira 16, o policial civil Rafael Moura da Silva, de 38 anos, morreu no Hospital das Clínicas, cinco dias após ser baleado durante uma operação contra o tráfico na Favela do Fogaréu, no Capão Redondo, Zona Sul da capital. Os disparos não partiram de criminosos, mas do sargento Marcus Augusto Costa Mendes, da Rota – tropa de elite da PM paulista e alma mater do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite.

Mendes deparou-se com um homem armado numa viela e atirou duas vezes, sem aviso. Mesmo após o suspeito gritar “é polícia, é polícia”, fez mais dois disparos. Só então percebeu que havia baleado um investigador, e por pouco não acertou outros dois, que vinham na retaguarda.

A sucessão de falhas impressiona. Silva não usava colete de identificação. A PM não sabia da operação da Polícia Civil. O socorro foi feito pelos próprios agentes da Rota­, que percorreram 20 quilômetros até o Hospital das Clínicas, em vez de procurar uma unidade mais próxima. A Justiça determinou o afastamento dos policiais envolvidos. E Derrite lamentou a enésima “tragédia” provocada por sua tropa, claramente fora de controle.

A despedida de Preta

A cantora Preta Gil morreu no domingo 20, aos 50 anos, em Nova York (EUA), vítima de complicações decorrentes de um câncer no intestino. Filha de Gilberto Gil com Sandra Gadelha, ela fazia parte de uma das famílias mais influentes da música popular brasileira – era também sobrinha de Caetano Veloso e afilhada de Gal Costa. Antes de se lançar como cantora, atuou como publicitária e empresária. Foi cofundadora da Mynd, uma das maiores agências de marketing de influência do Brasil. Iniciou sua carreira musical aos 29 anos, com o álbum Prêt-à-Porter, e se destacou por sua autenticidade, ativismo e postura combativa contra o racismo, a gordofobia e em defesa da comunidade LGBTQIA+. A artista descobriu o câncer no início de 2023.

Rio de Janeiro/ Oruam é preso novamente

Rapper é acusado de facilitar a fuga de menor envolvido em roubos

O artista é apontado pela polícia fluminense como um “faccionado” – Imagem: Redes Sociais

Após ter a prisão preventiva decretada pela Justiça, o ­rapper Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, o Oruam, entregou-se à Polícia Civil do Rio de Janeiro, na terça-feira 22. Ele é acusado de atacar agentes durante o cumprimento de um mandado de apreensão e de facilitar a fuga de um adolescente suspeito de roubos de veículos, que estaria em sua casa.

“Desculpa a todo mundo, eu errei”, afirmou nas redes sociais, pouco antes de comparecer à Cidade da Polícia, na Zona Norte da capital fluminense, acompanhado da mãe, do irmão e de dois advogados. “Vou me entregar e provar que não sou bandido. Vou dar a volta por cima com a minha música.”

Filho de Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, um dos principais líderes do Comando Vermelho, Oruam virou alvo da cruzada das autoridades fluminenses contra artistas supostamente ligados ao crime organizado. O recente episódio reforçou o discurso da cúpula policial. “Se havia alguma dúvida de que Oruam era apenas um artista periférico ou um marginal da pior espécie, hoje temos certeza de que se trata de um criminoso faccionado”, disse o secretário de Polícia Civil do Rio, Felipe Curi.

China/ Dragão energizado

Pequim anuncia construção de hidrelétrica com o triplo da capacidade de Três Gargantas

A megabarragem aproveitará a força das águas do Rio Yarlung Tsangpo – Imagem: iStockphoto

A China iniciou a construção daquela que será a maior hidrelétrica do mundo, anunciou o primeiro-ministro Li Qiang na segunda-feira 21. O ambicioso projeto prevê cinco usinas em cascata no Planalto Tibetano, com capacidade para gerar 300 bilhões de quilowatts-hora de eletricidade por ano – o triplo da capacidade de Três Gargantas, atualmente a maior do mundo.

Com custo estimado em 1,2 trilhão de yuans (cerca de 930 bilhões de reais), a megabarragem aproveitará a força das águas do Rio Yarlung Tsangpo, que pode atingir uma velocidade de 50 quilômetros por hora em um de seus trechos, enquanto serpenteia um cânion em curva na forma de U. Maior emissora de carbono do mundo, a China vem promovendo uma ampla expansão de fontes renováveis de energia, na tentativa de cumprir metas climáticas e estabilizar seu fornecimento energético. O país abriga dezenas de milhares de projetos hidrelétricos, mais do que qualquer outra nação.

A escolinha Trump chega ao Japão

Criado em 2020 pelo ex-militar Sohei Kamiya, o partido japonês Sanseito conquistou 14 cadeiras no Senado e tornou-se uma das maiores forças de oposição na nação asiática. Nas eleições de 20 de julho, a legenda ultranacionalista saiu da condição de sigla marginal, com apenas um integrante na casa legislativa, para ocupar um espaço central nas articulações políticas, desafiando a hegemonia do Partido Liberal Democrata. Adotando o lema “Japan First”, nitidamente plagiado do criado por Donald Trump nos EUA, o Sanseito sustenta um forte discurso xenófobo e responsabiliza os imigrantes pelos males sociais e econômicos do país. Gestado no período da pandemia, o partido também se notabilizou por disseminar mentiras contra as vacinas e as medidas de isolamento social.

Corrida armamentista/ Ecos da Guerra Fria

Após 17 anos, EUA voltam a enviar armas nucleares ao Reino Unido

Londres também deve receber 12 caças norte-americanos F-35 – Imagem: Los Alamos National Lab/USA

Os EUA transferiram novamente armas nucleares para o Reino Unido, em um movimento que não ocorria desde 2008, reacendendo temores de uma escalada armamentista na Europa. De acordo com The Guardian, bombas táticas B61-12, projetadas para uso restrito em campos de batalha e lançadas por aviões, foram posicionadas em uma base aérea britânica, enquanto Londres se prepara para receber 12 caças F-35 com capacidade de operá-las.

No fim de 2024, o New York Times noticiou que autoridades ocidentais não identificadas sugeriram ao então presidente Joe Biden a possibilidade de transferir armas nucleares para a Ucrânia, como forma de ampliar sua capacidade de dissuasão contra Moscou. A notícia provocou forte reação do Kremlin: o porta-voz Dmitry Peskov qualificou a sugestão como “absolutamente irresponsável”, afirmando que ela partiu de “pessoas que provavelmente não têm o menor entendimento da realidade e que não sentem um pingo de responsabilidade ao formular tais declarações”.

Publicado na edição n° 1372 de CartaCapital, em 30 de julho de 2025.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘A Semana’

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