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Trump lança plano para acelerar IA supostamente sem ‘viés ideológico’
O magnata busca romper a linha de seu antecessor Joe Biden, que defendia um desenvolvimento controlado


A Casa Branca anunciou nesta quarta-feira 23 um plano de ação para promover o desenvolvimento da inteligência artificial nos Estados Unidos, a sua exportação e a eliminação do “viés ideológico” dos chatbots.
O presidente Donald Trump anunciou neste mês investimentos milionários em infraestrutura e produção de energia, necessárias para o desenvolvimento dessa tecnologia.
“O presidente destacou que o avanço e o domínio dos Estados Unidos em matéria de inteligência é uma prioridade nacional”, ressaltou em entrevista coletiva David Sacks, principal assessor da Casa Branca para a IA. “Estamos imersos em uma corrida em escala mundial para assumir a liderança em IA e queremos que os Estados Unidos vençam essa disputa.”
O plano de ação é resultado de uma ampla consulta com profissionais, pesquisadores e usuários iniciada em fevereiro. Trump busca romper a linha de seu antecessor Joe Biden, que defendia um desenvolvimento controlado, com ênfase na segurança e na compreensão dos riscos.
A Casa Branca identificou cerca de 90 medidas que serão implementadas nos próximos meses, segundo o comunicado. O presidente assinar nesta quarta-feira três decretos, durante um evento sobre IA em Washington.
A estratégia do governo gira em torno de três pilares. O primeiro deles visa a facilitar a construção de novos centros de dados (essenciais para o funcionamento da IA) e a realização de grandes projetos energéticos para atender às suas necessidades.
O governo Trump deseja, especialmente, simplificar a concessão de licenças e autorizações para novas obras.
Segunda parte
A segunda parte do plano se refere à “diplomacia da IA”, nas palavras de Sacks, e envolve a mobilização de dois braços financeiros do país para o comércio internacional — a Agência de Desenvolvimento e Financiamento dos Estados Unidos e o Banco de Exportação e Importação dos Estados Unidos — com o objetivo de que apoiem as exportações de IA americana.
“Para vencer essa corrida, é necessário que os modelos americanos de IA sejam usados em todo o mundo”, ressaltou na coletiva Michael Kratsios, diretor de Assuntos Científicos e Tecnológicos da Casa Branca.
Trump tornou uma prioridade a divulgação no exterior da tecnologia americana, e da IA em particular. “Em termos de tecnologia de IA, é fundamental que as empresas americanas possam ser competitivas”, comentou um representante do lobby tecnológico CCIA, que elogiou a capacidade do plano de ação de “eliminar barreiras”.
‘Viés ideológico’
A terceira diretriz importante do programa busca responder ao que o presidente considera um “viés ideológico” da IA generativa. Também pretende proibir que serviços, ministérios e agências do seu governo adquiram softwares de IA generativa que sigam essa orientação.
Kratsios ressaltou que trata-se de “garantir que esses sistemas permitam a liberdade de expressão”. Segundo um funcionário americano, “o principal” viés ideológico está relacionado, de acordo com a Casa Branca, às iniciativas que promovem a diversidade e inclusão de minorias.
O Centro para a Democracia e Tecnologia apontou que o governo Trump se comporta “como um ministério da verdade da IA” e busca forçar os grandes atores a criar modelos “que se ajustem à sua interpretação da realidade”.
O governo americano também encarregará a Comissão Federal de Comunicações (FCC) de identificar possíveis contradições entre as leis regulatórias adotadas pelos estados e as leis federais em vigor, uma iniciativa que poderia enfraquecer as proteções criadas por vários estados contra os excessos da IA, alertou a associação União Americana pelas Liberdades Civis.
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