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Trabalho híbrido impulsiona demanda por móveis de escritório reutilizados no Brasil

Plataformas digitais e economia circular movimentam mercado que cresce com a reorganização dos espaços corporativos e domésticos

Trabalho híbrido impulsiona demanda por móveis de escritório reutilizados no Brasil
Trabalho híbrido impulsiona demanda por móveis de escritório reutilizados no Brasil
Do escritório ao home office: trabalho híbrido aquece mercado de móveis usados
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A preferência pelo modelo híbrido de trabalho está provocando mudanças estruturais nas organizações. Com a redução da ocupação física em muitos escritórios e a necessidade de montar ambientes profissionais nas residências, cresce a procura por móveis corporativos de segunda mão.

Segundo a 27ª edição do Índice de Confiança da Robert Half, 77% dos profissionais preferem o trabalho híbrido. No entanto, 35% das empresas ainda exigem presença integral nos escritórios. Esse descompasso abre espaço para um novo segmento da economia circular: o de mobiliário reutilizado.

Plataformas digitais especializadas passaram a intermediar a venda de cadeiras, mesas e armários de alta qualidade, muitos com pouco tempo de uso.

O CEO da Kwara, Thiago da Mata, observa que a prática está associada a ganhos financeiros, ambientais e logísticos. “Vender e dar nova circulação ao mobiliário reduz o impacto ambiental e melhora a eficiência econômica”, afirma.

Sustentabilidade e economia

A reutilização de uma estação de trabalho completa — mesa, cadeira e armário — evita a emissão de cerca de 250 kg de CO₂, segundo o Waste and Resources Action Programme (WRAP), do Reino Unido. Essa quantidade equivale à absorção média de carbono feita por uma árvore ao longo de quase dois anos.

De acordo com dados internos da Kwara, o valor total vendido de móveis corporativos na plataforma cresceu mais de 80% nos primeiros meses de 2025, em relação ao mesmo período de 2024. Os produtos são vendidos por até 60% do valor original, com qualidade preservada e alto nível de conservação.

Logística reversa

Boa parte dos móveis comercializados está em estado praticamente novo. Isso ocorre por conta de trocas de layout, reformas corporativas, reorganizações após mudanças no modelo de trabalho e processos de logística reversa.

Ainda segundo a Kwara, o valor arrematado em leilões de móveis oriundos de devoluções e estoques inativos cresceu 8,5 vezes no primeiro trimestre de 2025 em comparação ao mesmo período de 2024. No comparativo semestral, o avanço foi de 4,8 vezes.

Thiago da Mata explica que esse movimento combina interesses de diferentes frentes. “As empresas buscam destino eficiente para seus ativos, e os consumidores identificam a oportunidade de comprar com consciência ambiental”, diz.

Cinco passos para escolher bem os móveis reutilizados

Para profissionais e empresas que desejam estruturar ambientes de trabalho com eficiência e responsabilidade, o CEO da Kwara indica cinco critérios de escolha:

Ergonomia:
Dar preferência a cadeiras com ajustes variados e mesas com altura ideal.

Funcionalidade:
Optar por móveis versáteis, que possam ser reconfigurados conforme a necessidade do espaço.

Procedência:
Utilizar plataformas confiáveis, que garantam a origem, o estado e a durabilidade dos itens.

Acústica:
Levar em conta o controle de ruído, que influencia na concentração e na produtividade.

Estética e conforto:
Buscar equilíbrio entre aparência e bem-estar. Ambientes agradáveis reduzem o estresse.

Plataformas facilitam o acesso ao mobiliário corporativo

Empresas como Kwara, OLX e Enjoei facilitam a compra de móveis de segunda mão com curadoria, frete e suporte. Essas soluções online democratizam o acesso a itens corporativos que, novos, podem custar até R$ 10 mil.

Para Thiago da Mata, a prática já representa uma mudança cultural. “A reutilização de móveis deixou de ser apenas economia. Hoje, é uma escolha estratégica que combina sustentabilidade, acessibilidade e inteligência de gestão”, conclui.

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