Do Micro Ao Macro

Sua empresa adoece em silêncio? Veja 5 ações para colocar a saúde mental no centro da cultura

Com afastamentos por transtornos mentais em alta, companhias precisam ir além de ações pontuais e estruturar um ambiente saudável no dia a dia

Sua empresa adoece em silêncio? Veja 5 ações para colocar a saúde mental no centro da cultura
Sua empresa adoece em silêncio? Veja 5 ações para colocar a saúde mental no centro da cultura
Especialistas explicam tudo que você precisa saber sobre a norma obrigatória de saúde mental para empresas, que passa a valer a partir de maio de 2025, e promete transformar o futuro do trabalho
Apoie Siga-nos no

O número de trabalhadores afastados por transtornos mentais cresceu 68% em 2024, segundo dados do Ministério da Previdência Social. Foram 472.328 casos registrados no ano, o maior índice da última década.

A alta reflete o impacto direto das condições de trabalho no bem-estar emocional. Metas inatingíveis, jornadas exaustivas, falta de escuta e ausência de suporte psicológico criam um ambiente de adoecimento silencioso nas empresas brasileiras.

Para Rui Brandão, cofundador da Zenklub e vice-presidente de Saúde Mental da Conexa, o cuidado com a saúde emocional precisa deixar de ser pauta secundária. “Hoje, o bem-estar não pode ser tratado como uma pauta paralela ao negócio. Ele precisa estar no centro das decisões, influenciando em todos os rituais do dia a dia”, afirma.

Ações estruturais fazem diferença

De acordo com Brandão, é necessário repensar estruturas, rotinas e relacionamentos dentro das organizações. Ele aponta cinco caminhos para empresas que desejam incorporar a saúde mental à cultura interna de forma consistente.

1. Crie uma cultura de escuta ativa

O primeiro passo é desenvolver um ambiente seguro para que as pessoas possam falar. Isso exige treinamento em todos os níveis hierárquicos para estimular a escuta atenta, a empatia e o retorno construtivo.

“A escuta ativa não pode ser tratada como um ato passivo, mas como escolha intencional de cuidado que influencia diretamente a forma como as pessoas se sentem pertencentes e acolhidas”, explica Brandão.

2. Defina protocolos claros para cada nível de risco

Sem orientação clara, líderes e funcionários ficam desamparados diante de situações de sofrimento emocional. A proposta é atuar em três frentes:

  • Promoção da saúde (risco baixo): campanhas educativas, letramento emocional e capacitação de lideranças.

  • Prevenção (risco médio): acesso facilitado a psicólogos e terapeutas com programas estruturados.

  • Mitigação (risco alto): suporte especializado, plantões de crise e acompanhamento psiquiátrico.

3. Reforce a rotina com reuniões regulares

A falta de alinhamento é um fator de estresse recorrente. Por isso, reuniões frequentes entre times e áreas diferentes ajudam a esclarecer expectativas, ajustar metas e reorganizar demandas. Essa prática reduz a incerteza e melhora o clima interno.

4. Capacite líderes em comunicação e escuta

Lideranças despreparadas podem ignorar sinais importantes de sobrecarga emocional. A responsabilidade pelo bem-estar não deve recair apenas sobre o RH.

“Uma liderança despreparada pode custar caro. Ignorar sinais hoje pode gerar crises profundas amanhã”, alerta Brandão. Ele recomenda capacitação contínua em comunicação assertiva, escuta ativa e encaminhamento adequado.

5. Estimule conversas individuais

O acompanhamento próximo entre líder e liderado permite identificar sinais precoces de sofrimento. Essas conversas devem ocorrer com regularidade e ir além das metas, incluindo o bem-estar emocional.

“Não adianta criar um programa institucional se o líder não compra a causa. Ele precisa viver essa cultura no dia a dia e ser um canal ativo de escuta e orientação”, reforça o especialista.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo