

Opinião
Trump, o improvável cabo eleitoral de Lula
Passados alguns dias da carta de Donald Trump ao presidente Lula, impondo um tarifaço de 50% sobre as exportações brasileiras, a medida já produz estragos. A Confederação Nacional da Indústria estima o fechamento de 110 mil postos de trabalho, com impacto significativo na AGROPECUÁRIA, além […]


Passados alguns dias da carta de Donald Trump ao presidente Lula, impondo um tarifaço de 50% sobre as exportações brasileiras, a medida já produz estragos. A Confederação Nacional da Indústria estima o fechamento de 110 mil postos de trabalho, com impacto significativo na AGROPECUÁRIA, além de uma retração de 0,16% no PIB deste ano, uma perda de em torno de 19 bilhões de reais no faturamento das empresas brasileiras. Entre os cinco estados mais afetados, quatro são governados por aliados de Jair Bolsonaro, pivô da crise.
Se, por um lado, os efeitos econômicos da medida começam a ser sentidos, por outro, a decisão do presidente norte-americano teve o raro condão de unir os interesses do agronegócio, da indústria, do Palácio do Planalto e do Congresso. O que Trump provavelmente não esperava era acertar o pé de Bolsonaro e favorecer Lula, que viu seus índices de POPULARIDADE melhorarem na última semana. Segundo pesquisa Quaest divulgada na quarta-feira 16, a reprovação ao presidente caiu de 57% para 53% desde maio, enquanto a aprovação subiu de 40% para 43%. Lula não poderia encontrar melhor cabo eleitoral.
A retaliação de Trump não fez a Procuradoria-Geral da República recuar um milímetro nas alegações finais do processo contra Bolsonaro e outros réus do núcleo central da trama golpista. Denunciado pelos crimes de organização
criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado ao
patrimônio público e deterioração de bem tombado, o ex-presidente pode ser condenado a mais de 40 anos de PRISÃO.
No aniversário de 35 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente, há conquistas a celebrar, mas também grandes desafios, revela a repórter Fabíola Mendonça. Nesse período, a mortalidade infantil caiu significativamente, e o porcentual de jovens em situação de privação de renda passou de 25,4% em 2017 para 19,1% em 2023, segundo estudo divulgado pelo Unicef. Já na educação, os avanços foram tímidos, fortemente impactados pelos efeitos da pandemia de Covid–19. Por outro lado, a violência contra crianças e adolescentes aumentou de forma alarmante: em 2023, foram registradas 115.384 vítimas entre 0 e 17 anos, de acordo com dados do Ipea e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Enquanto isso, o mundo volta a flertar com o apocalipse nuclear. Após décadas de redução de arsenais, as potências militares agora correm para modernizar e expandir seus estoques ATÔMICOS. Vale lembrar que o último tratado bilateral ainda em vigor entre Estados Unidos e Rússia – o New START – expira em 2026, o que deixará o planeta sem freios formais para conter uma nova corrida armamentista. Estaríamos diante do fim do mundo? É essa a provocação do segundo episódio do podcast De Cabeça para Baixo, de Jamil Chade, disponível no YouTube, no Spotify e nas principais plataformas de áudio.
Boa leitura!
Publicado na edição n° 1371 de CartaCapital, em 23 de julho de 2025.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Trump, o improvável cabo eleitoral de Lula’
Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.
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