Do Micro Ao Macro
Trabalha para os EUA como PJ? Entenda se as novas tarifas podem afetar seu contrato
Taxas anunciadas por Washington não atingem serviços digitais, mas podem influenciar acordos e remessas em dólar ao Brasil


A decisão dos Estados Unidos de elevar tarifas de importação sobre produtos brasileiros, em alguns casos para até 50%, causou apreensão entre profissionais que prestam serviços como pessoa jurídica para companhias americanas.
O novo pacote de tarifas anunciado pelo governo norte-americano não inclui a exportação de serviços digitais. Portanto, brasileiros que trabalham remotamente a partir do Brasil, em regra, não são afetados diretamente.
No entanto, há riscos indiretos. Segundo Eduardo Garay, CEO da TechFX — empresa especializada em câmbio para quem recebe pagamentos do exterior —, companhias americanas que operam no Brasil ou importam insumos brasileiros podem reavaliar seus contratos. “Se o custo de operação aumentar, é possível que as empresas passem a revisar orçamentos e contratos com prestadores de serviço”, afirma.
Dólar mais alto favorece quem recebe do exterior
Após o anúncio das tarifas, o dólar subiu. Para quem recebe em moeda estrangeira, isso pode gerar um ganho temporário.
Mesmo assim, é necessário cautela. A cotação da moeda tem variado bastante, o que afeta diretamente o valor recebido em reais. “Num mesmo dia, a oscilação entre o melhor e o pior momento de conversão pode superar R$ 0,10 por dólar. Em uma transferência de US$ 5.000, isso representa uma diferença de até R$ 500”, diz Garay.
Por isso, o executivo recomenda atenção redobrada ao câmbio.
Planejamento financeiro reduz impactos
Com as tarifas já em vigor, o CEO da TechFX sugere medidas para quem trabalha como PJ com clientes fora do Brasil.
Primeiro, é importante conversar com a empresa contratante. A ideia é entender se haverá mudança no contrato ou nos pagamentos.
Depois, vale acompanhar a variação cambial com frequência. Plataformas de câmbio digital permitem escolher o melhor momento para realizar a conversão do valor.
Além disso, Garay orienta incluir cláusulas contratuais que protejam contra oscilações cambiais ou alterações drásticas no cenário comercial.
Por fim, acompanhar de perto os desdobramentos diplomáticos entre Brasil e Estados Unidos pode ajudar a antecipar mudanças que impactem contratos ou pagamentos.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também

Trump expande rol de países afetados por tarifas comerciais; veja lista
Por CartaCapital
A reação do governo Sheinbaum às novas tarifas de Trump contra o México
Por CartaCapital