CartaCapital
EUA usam Bolsonaro para atingir os BRICS
É risível imaginar que os Bolsonaro, Jair e seu filho Dudu, motivam Donald Trump a taxar os produtos brasileiros em 50%, com impactos em vários setores economia. O TARIFAÇO foi anunciado em carta aberta endereçada a Lula e deve entrar em vigor em 1º de […]


É risível imaginar que os Bolsonaro, Jair e seu filho Dudu, motivam Donald Trump a taxar os produtos brasileiros em 50%, com impactos em vários setores economia. O TARIFAÇO foi anunciado em carta aberta endereçada a Lula e deve entrar em vigor em 1º de agosto. O presidente norte-americano retomou nesta semana suas ameaças tarifárias. Estabeleceu novas taxas para 21 países e prometeu retaliar todos aqueles que se associarem aos BRICS – uma clara demonstração de que o bloco ganhou força e representa uma ameaça à hegemonia do dólar.
A tarifa imposta contra o Brasil é a mais alta. “Uma brutalidade diplomática”, opina o ex-embaixador Roberto Abdenur no site de CartaCapital. Em sua carta, Trump voltou a chamar de “caça às bruxas” o processo no STF contra o ex-presidente, a quem ele chama de “grande Bolsonaro”, pela tentativa de golpe de Estado em 2022. O atrabiliário magnata também justifica a sobretaxa como resposta à “censura” do Brasil às plataformas digitais norte-americanas. Pura fumaça. A Casa Branca mira nos BRICS, esse é o verdadeiro alvo, como mostram Sergio Lirio e Maurício Thuswohl na reportagem de capa desta edição.
Passados 137 anos da abolição formal da escravatura, o Brasil ainda mantém de pé a estrutura da casa-grande e conserva muitos trabalhadores domésticos submetidos a condições análogas à ESCRAVIDÃO, revela uma pesquisa realizada pela Clínica de Trabalho Escravo e Tráfico de Pessoas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Enquanto o Ministério Público do Trabalho intensifica as operações de resgate, o Estado brasileiro tem falhado na tentativa de reinserir esses indivíduos na sociedade, como nos conta a repórter Fabíola Mendonça. É o caso de dona Maria Raimunda Anastácia Gomes, que ainda sofre com as sequelas de mais de quatro décadas de servidão em uma residência de Belo Horizonte.
Casos como os de dona Maria juntam-se aos de outros 121 trabalhadores domésticos resgatados nos últimos sete anos, em sua maioria mulheres pobres, negras e com baixíssima escolaridade. “Diferentemente de outros trabalhadores resgatados, que normalmente têm para onde voltar, as domésticas – que passam, em média, 26 anos nessa condição e são liberadas já em idade avançada – muitas vezes não têm para onde ir”, explica a pesquisadora Livia Miraglia, uma das coordenadoras da Clínica.
Temos ainda uma estreia ilustre em CartaCapital desta semana: o jornalista e “viajante errante” JAMIL CHADE passa a escrever uma coluna semanal na revista e a ancorar o podcast De Cabeça Pra Baixo. No texto desta edição, ele escreve sobre seu recente encontro, em Nova York, com Jason Stanley, professor de Yale que optou por deixar a instituição onde pesquisava o avanço da extrema-direita para mudar-se para o Canadá. Autor do livro Como Funciona o Fascismo, Stanley considera que o risco de um colapso da democracia é real e admite que sua debandada é, de fato, uma declaração política – motivada, sobretudo, pelo comportamento da Universidade de Columbia, que cedeu aos caprichos do presidente norte-americano.
Boa leitura!
Publicado na edição n° 1370 de CartaCapital, em 16 de julho de 2025.
Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘EUA usam Bolsonaro para atingir os BRICS’
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.