Sociedade
Após acidente com 8 mortos em SC, Anac anuncia mudanças nas regras para voos de balão
O processo de criação da nova regulação acontecerá em etapas e, segundo a agência, não será simples


A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) anunciou que vai mudar as regras para operações com balões tripulados no Brasil. O anúncio acontece cerca de 20 dias após o acidente que causou oito mortes em Praia Grande (SC), no último dia 21 de junho.
Em comunicado publicado na terça-feira 8, a Anac informou que vai criar uma proposta de regulação com critérios mínimos para quem quiser realizar a exploração comercial da atividade. A Agência espera realizar, ainda neste ano, uma consulta pública para reunir contribuições de fabricantes, operadores e organizações de instrução.
A Anac reconhece que a criação da regulação “não se trata de meta de fácil alcance”. ” O balonismo possui grande potencial turístico e comercial e precisa de novas diretrizes, com estratégias de monitoramento e fiscalização das operações tanto por parte da Agência quanto das forças de segurança pública, prefeituras e outros órgãos locais, com todos atuando de forma coordenada”, diz o comunicado.
Atualmente, a regulação prevê duas formas para realização de atividades de balonismo: o aerodesporto é realizado por conta e risco dos participantes; já a outra modalidade prevê que as empresas, pilotos e os próprios balões sejam certificados. Entretanto, não há qualquer operação de balão certificado no país na atualidade.
O processo de criação da nova regulação acontecerá em etapas, segundo a Anac. No primeiro momento, serão estabelecidas regras e restrições mais claras para o aerodesporto. Caso as operações não se enquadrem nessa modalidade, deverá haver mais critérios de segurança para a exploração comercial da atividade.
“A longo prazo, será estabelecida regulamentação definitiva a ser observada por todos os operadores que queiram explorar a atividade comercialmente em um ambiente completamente certificado”, afirma a Agência.
O acidente
O balão que caiu na cidade catarinense de Praia Grande levava o piloto e outras 20 pessoas. O balão pegou fogo a partir do cesto. As chamas, segundo relato dos sobreviventes, começaram com um pequeno maçarico, usado para iniciar a chama necessária para formação do ar quente que faz o aparelho decolar.
Depois do incêndio, o piloto (que foi um dos sobreviventes) reduziu a chama principal ao mínimo para baixar o balão e permitir que os turistas saltassem. Entretanto, alguns passageiros não conseguiram deixar o cesto a tempo. Menos pesado, o balão voltou a subir e as chamas consumiram a lona inflável ligada ao cesto.
Vídeos da queda divulgados nas redes sociais mostram o momento em que passageiros tentam saltar do balão a uma altura considerável do chão enquanto outros permanecem agarrados a base da cesta, pelo lado de fora. Segundo a Polícia, três das oito vítimas morreram abraçadas dentro do cesto do balão.
Acidente em Santa Catarina em junho deixou 8 mortes – Foto: Reprodução
Em nota, a empresa SobreVoar, que operava o balão, se limitou a manifestar sua solidariedade às famílias atingidas e informar que as operações da empresa foram suspensas por tempo indeterminado. A empresa destaca que o piloto adotou todos os procedimentos indicados na tentativa de salvar os passageiros a bordo.
Segundo o site da empresa, o voo no balão, que pode ser tripulado por até 24 pessoas, acontece a mais de mil metros de altura e tem a duração de 45 minutos. A SobreVoar destaca que seus balões são novos e registrados juntos a Anac.
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