Mundo
‘Dê palpite na sua vida e não na nossa’, diz Lula a Trump
O norte-americano fez uma defesa a Jair Bolsonaro e ameaçou taxar países que se alinharem com o Brics


O presidente Lula (PT) reagiu publicamente nesta segunda-feira 7 às declarações recentes do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante a cúpula do Brics. O norte-americano fez duas manifestações consideradas controversas: defendeu Jair Bolsonaro (PL), réu no Brasil por tentativa de golpe de Estado, e ameaçou impor tarifas adicionais de 10% a países que se alinharem ao Brics.
Ao comentar a ameaça tarifária, Lula criticou duramente a postura do chefe dos EUA: “Eu não acho uma coisa muito responsável e séria um presidente da República de um país do tamanho dos Estados Unidos ficar ameaçando o mundo através da internet”, disse. O presidente brasileiro ainda rejeitou qualquer tentativa de imposição externa: “Não queremos imperador. Nós somos países soberanos.”
Lula reforçou que, diante de medidas unilaterais, há possibilidade de reação: “Existe a lei da reciprocidade”. E completou: “Muito equivocado e muito irresponsável um presidente ficar ameaçando os outros em redes digitais, sinceramente. Tem outras formas para um presidente de um país do tamanho dos Estados Unidos falar com outros países.”
Ao ser questionado, em seguida, sobre a defesa feita por Trump ao ex-presidente Bolsonaro, Lula disse preferir não comentar diretamente o post, mas mandou um recado claro: “Esse país tem lei, esse país tem regra, esse país tem um dono chamado povo brasileiro. Portanto, dê palpite na sua vida e não na nossa.”
As declarações de Trump sobre Bolsonaro foram feitas na rede Truth Social, de sua propriedade. Na publicação, o republicano afirmou que o Brasil estava fazendo “uma coisa terrível” contra o ex-presidente e disse que o caso representava uma perseguição. Também prometeu “acompanhar muito de perto a caça às bruxas contra Bolsonaro, sua família e seus apoiadores”.
Horas antes, o norte-americano já havia anunciado que países alinhados ao Brics sofreriam retaliações comerciais, com tarifas adicionais de 10% nas importações. O anúncio foi feito em meio à cúpula do grupo, que reúne atualmente 11 países e representa quase metade da população mundial. A resposta dos países do Brics veio em forma de declaração conjunta, em que expressaram preocupação com medidas tarifárias unilaterais que distorcem o comércio internacional.
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