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Enchentes nos EUA deixam pelo menos 90 mortos

O estado do Texas foi o mais afetado pelas fortes chuvas; Trump, que cortou verba da previsão de desastres, nega responsabilidade pelo elevado volume de vítimas

Enchentes nos EUA deixam pelo menos 90 mortos
Enchentes nos EUA deixam pelo menos 90 mortos
Equipes de resgate buscam desaparecidos nas enchentes que atingiram os EUA. Foto: RONALDO SCHEMIDT / AFP
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Chuvas torrenciais provocaram enchentes repentinas ao longo do rio Guadalupe, no estado americano do Texas, desde sexta-feira 4, deixando pelo menos 91 mortos até esta segunda-feira 7, segundo a Casa Branca. Entre as vítimas, estão 27 crianças que participavam de um acampamento de verão no sul do estado.

O acampamento Mystic confirmou, também nesta segunda, a morte de 27 meninas e monitores durante a tragédia registrada neste fim de semana.

“Nossos corações estão partidos ao lado de nossas famílias que estão enfrentando essa tragédia inimaginável. Estamos orando por eles constantemente”, afirmou o estabelecimento em nota publicada em seu site oficial.

O número de mortos tem sido atualizado constantemente à medida em que novos corpos são localizados. Helicópteros e drones estão sendo utilizados nas buscas, e a Guarda Nacional do Texas, assim como a Guarda Costeira dos Estados Unidos, enviaram reforços.

O Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA declarou estado de emergência por inundações para partes do condado de Kerr, localizado na região montanhosa do centro-sul do Texas. As chuvas acumularam em poucas horas uma precipitação de 30 centímetros, o equivalente a um terço da média anual esperada no condado.

Trump nega responsabilidade

Segundo a secretária de Segurança Interna da Casa Branca, Kristi Noem, o alerta de inundação “moderado” emitido na quinta-feira pelo Serviço Nacional de Meteorologia não previu com precisão as chuvas extremas. Ela disse que a Casa Branca está trabalhando para aprimorar o sistema.

Durante todo o fim de semana, moradores se queixaram de não terem sido alertados com antecedência suficiente sobre os riscos das enchentes, que já causaram dezenas de mortes.

Apesar da Casa Branca reconhecer o próprio erro, o presidente Donald Trump negou qualquer ligação entre os cortes orçamentários nos serviços meteorológicos nacionais e o número de vítimas. “Não acredito nisso”, comentou, ao responder uma pergunta sobre a necessidade de recontratar uma parte do pessoal demitido pelos cortes.

O republicano é alvo de processos judiciais por seus cortes orçamentários e seu negacionismo climático.

850 resgatados

Até a noite do sábado, autoridades haviam confirmado o resgate de mais de 850 pessoas. No domingo, familiares foram autorizados a ir até o local do Camp Mystic, um acampamento que reunia centenas de crianças e jovens, para auxiliar nas buscas.

O rio Llano, que passa pelo condado vizinho de Mason, também atingiu nível de inundação, configurando “uma situação de risco de vida”, segundo o serviço meteorológico.

Risco de novas enchentes

Com mais chuvas previstas na região, o vice-governador do Texas, Dan Patrick, alertou que o risco de novas enchentes repentinas continua.

Equipes da Guarda Costeira dos EUA e da Agência Federal de Gestão de Emergências foram mobilizadas para apoiar as autoridades locais na resposta à crise, disseram os oficiais.

Em junho, dez pessoas morreram na região devido a enchentes repentinas causadas por chuvas torrenciais.

Chuvas torrenciais como as que caíram no Texas estão se tornando mais comuns ao redor do mundo por causa das mudanças climáticas, já que a atmosfera mais aquecida retém mais umidade. No Texas, o número de dias de chuva ou neve intensa aumentou 20% desde 1900, e os dias de calor intenso devem subir 10% ao longo dos próximos dez anos.

Declaração de emergência

O presidente dos EUA, Donald Trump, assinou no domingo uma declaração de emergência por desastre natural para lidar com as inundações no Texas e permitir a ativação da Agência Federal de Gerenciamento de Emergências (Fema) na área.

Trump disse que não se deslocou rapidamente ao Texas para não atrapalhar os trabalhos de emergência, e sugeriu que viajará à área devastada na próxima sexta-feira. Ao ser questionado sobre os planos de seu governo de acabar com a Fema, Trump disse que não era o momento de falar sobre isso.

A administração Trump anunciou planos para cortar e eliminar gradualmente o financiamento federal para a Fema, com o objetivo de transferir as competências para os estados no que se refere à resposta a desastres naturais após a temporada de furacões de 2025.

De fato, a secretária de Segurança Nacional, Kristi Noem, já confirmou o cancelamento – com cortes que somam quase 4 bilhões de dólares – de dois programas importantes da Fema, o de Construção de Infraestrutura e Comunidades Resilientes (BRIC) e o de Assistência para a Mitigação de Inundações (FMA).

(Com informações de DW, RFI, Reuters, AFP, AP, ots)

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