Economia
Lula acena com disputa pela reeleição em 2026 e sugere conciliação com o Legislativo
O presidente minimizou tensões e elogiou o Congresso: ‘As coisas estão funcionando’


O presidente Lula (PT) reforçou nesta sexta-feira 4 a possibilidade de disputar um novo mandato em 2026. Em cerimônia no Complexo Naval de Itaguaí, no Rio de Janeiro, o petista se dirigiu a quem já discute o próximo ciclo eleitoral.
“Eu não quero nervosismo porque eu ainda tenho um ano e meio de mandato e tem gente que pensa que o governo já acabou, tem gente que já está pensando em eleição. Eles não sabem o que eu estou pensando”, declarou. “Então, se preparem, porque, se tudo estiver como estou pensando, este País vai ter pela primeira vez um presidente eleito quatro vezes.”
A afirmação é o aceno mais explícito até agora de que Lula disputará a reeleição.
IOF
A declaração de Lula vem à tona em um ambiente de tensão entre Executivo, Legislativo e Judiciário, acentuado por um impasse envolvendo o aumento da alíquota do IOF. Mais cedo nesta sexta, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu os efeitos do decreto presidencial que previa o reajuste e do decreto legislativo que o derrubava.
Moraes também marcou para 15 de julho uma audiência de conciliação entre representantes do governo federal, do Congresso, da Procuradoria-Geral da República e dos autores das ações no STF – PSOL, PL e a própria Advocacia-Geral da União. Em sua decisão, o ministro alertou para o risco de um “indesejável embate entre as medidas do Executivo e Legislativo”, o que violaria o princípio da harmonia entre os Poderes previsto na Constituição.
Recado ao Congresso
Apesar do cenário conturbado, Lula optou por um discurso conciliador. Ele elogiou o funcionamento do Legislativo e mencionou o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), em tom amistoso.
“O Brasil tem uma democracia consolidada. As instituições estão funcionando. O Congresso está funcionando. E temos um presidente da Câmara que sabe da responsabilidade dele”, disse Lula.
O presidente, por fim, minimizou a crise e afirmou que as divergências entre os Poderes são naturais.
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