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Vendas de materiais de construção têm leve retração em abril e lojistas demonstram cautela

Estudo mostra aumento da percepção de estabilidade, queda no otimismo com o governo e retração nas vendas especialmente no Sudeste

Vendas de materiais de construção têm leve retração em abril e lojistas demonstram cautela
Vendas de materiais de construção têm leve retração em abril e lojistas demonstram cautela
Média salarial do trabalhador da construção caiu de 2,7 salários mínimos em 2014 para 2,1 salários mínimos em 2023 - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
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As vendas de materiais de construção apresentaram leve retração no mês de abril de 2025, segundo a nova edição do Termômetro JS+ Anamaco.

A pesquisa revelou que o percentual de lojas com percepção de crescimento nas vendas caiu em relação ao mês anterior, com maior impacto registrado na região Sudeste.

Elaborado pela vertical de inteligência da Juntos Somos Mais — joint venture formada por Votorantim Cimentos, Tigre e Gerdau — em parceria com o Instituto de Pesquisas da Anamaco, o levantamento indica que fatores como o aumento de preços (+0,5% no período) e a alta no endividamento das famílias influenciaram os resultados.

De acordo com o estudo, 53% das lojas consultadas perceberam estabilidade nas vendas em abril, comparado a março. Em três das cinco regiões do país (Norte, Nordeste e Centro-Oeste), mais empresas relataram crescimento do que queda, com diferenças positivas de 21%, 18% e 20%, respectivamente. No Sudeste, no entanto, a situação foi inversa: 19% relataram alta nas vendas, contra 23% que identificaram retração — um saldo negativo de 4%.

Comparação anual e otimismo moderado

Na comparação entre abril de 2025 e abril de 2024, a retração foi ainda mais significativa. Todas as regiões apresentaram variação negativa, sendo o Sudeste novamente o destaque, com uma diferença de -27 pontos percentuais. No cenário nacional, o recuo geral foi de -19%.

Quanto às expectativas para os próximos três meses, o sentimento de otimismo também diminuiu. Apenas 35% dos lojistas acreditam em aumento das vendas no curto prazo, enquanto 48% esperam estabilidade e 17% preveem queda. As lojas especializadas em material elétrico, no entanto, se mostraram mais confiantes: 55% apostam em crescimento.

Sell-in, preços e percepção sobre o governo

Os dados de sell-in — ou seja, as vendas das indústrias para os lojistas — também indicam uma leve queda em abril, acompanhada de um aumento de 1,1% nos preços em relação a março.

O estudo ainda registrou mudanças nas expectativas quanto à atuação do governo nos próximos 12 meses. Desde fevereiro, o otimismo vem diminuindo, enquanto o pessimismo cresce. Em abril, 38% dos lojistas se declararam pessimistas, o maior índice dos últimos meses.

O Termômetro JS+ Anamaco cruza dados históricos de transações no varejo de materiais de construção com pesquisas diretas com lojistas. Os números reforçam que, embora o setor mantenha alguma estabilidade, os sinais de alerta permanecem — especialmente diante da pressão de custos, endividamento das famílias e expectativas mais baixas em relação à economia.

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