Política

Câmara pode votar PL do licenciamento ambiental antes do recesso, projeta relator

Proposta tem sido chamada por críticos de ‘PL da Devastação’

Câmara pode votar PL do licenciamento ambiental antes do recesso, projeta relator
Câmara pode votar PL do licenciamento ambiental antes do recesso, projeta relator
O deputado Zé Vitor (PL-MG). Foto: Claudio Braziliense / Câmara dos Deputados
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O deputado federal Zé Vitor (PL-MG), relator do Projeto de Lei do licenciamento ambiental, afirmou ter recebido a sinalização do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de que o polêmico texto poderá ser votado ainda antes do recesso, marcado para iniciar no dia 18 de julho. A projeção foi dada ao jornal O Globo nesta quinta-feira 3. 

A Câmara, disse, tem “disposição” para votar o texto entre os dias 16 e 17 de julho. A expectativa inicial é de que a medida fosse analisada apenas no segundo semestre.

‘Golpe de morte’

O parlamentar, ao jornal, rebateu também críticos que têm classificado o projeto como o ‘PL da Devastação’ e sustentou a ideia de que a proposta visa apenas desburocratizar o processo de licenciamento sem comprometer o controle ambiental.

A bancada ruralista também defende a proposta sob a alegação de que o atual sistema de licenciamento, estruturado em três fases, tem travado obras importantes para o desenvolvimento do País. 

O Ibama rebate e diz que, na verdade, os principais obstáculos para a liberação de obras não residem na complexidade do processo, mas sim na escassez de recursos financeiros e no déficit de servidores especializados em licenciamento. 

Outra crítica pesada ao texto vem da própria ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que classificou a a proposta de um  “golpe de morte” à proteção ambiental. A chefe da pasta, amparada por ambientalistas, alega que os mecanismos criados pela lei são frágeis e abrem precedentes perigosos.

O projeto, apesar das desavenças, já passou pelo Senado com aprovação expressiva em maio, após intenso lobby de parlamentares ligados à agropecuária. Na Câmara, Motta manteve a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) como condutora da proposta.

Mudança de ritmo

A nova projeção do relator do PL do licenciamento, de que o texto pode avançar ainda neste primeiro semestre, contrasta com declarações dadas por ele em junho, quando pregou cautela na tramitação. Na ocasião, disse ter recebido o pedido de Motta para que o debate das questões técnicas fosse esgotado antes da votação. A mudança de postura coincide com o momento de tensão entre o Legislativo e o Executivo, bem como com ‘recados’ de Motta a Lula.

A posição do governo

Um dos pontos mais controversos do texto é a emenda apresentada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que facilita a exploração de petróleo na margem equatorial. Enquanto Marina Silva se opõe ao trecho, o presidente Lula (PT) e a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, defendem a medida

A emenda garante trâmites mais ágeis para obras consideradas estratégicas pela União, tendo como alvo principal o imbróglio em torno da exploração de petróleo na Foz do Amazonas. O texto também isenta de licenciamento obras emergenciais e operações militares.

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