Política
Câmara aprova PL que dificulta progressão de regime em caso de crime hediondo
O tempo em regime fechado passa de 40% para 80% inclusive para crimes hediondos dos quais não resultar morte
A Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira 2, um projeto de lei que unifica em 80% o tempo mínimo de cumprimento de pena em regime fechado no caso de todos os crimes hediondos antes de o condenado ter direito a progredir de regime para o semiaberto. A proposta segue para o Senado.
O texto também inclui nessa transição alongada os condenados por crime de exercício do comando, individual ou coletivo, de organização criminosa estruturada para a prática de crime hediondo ou por crime de constituição de milícia privada.
Assim, o tempo em regime fechado passa de 40% para 80% inclusive para crimes hediondos dos quais não resultar morte, como posse ou porte de arma de fogo de uso proibido, posse de pornografia de crianças ou adolescentes, ou falsificação de produto medicinal.
O relator da proposta foi o deputado Alberto Fraga (PL-DF).
No debate em plenário, a bolsonarista Bia Kicis (PL-DF) afirmou que os “benefícios” atuais da Lei de Execução Penal fazem com que o cumprimento da pena seja frouxo.
Para Tarcísio Motta (PSOL-RJ), porém, o “punitivismo” penal não torna o País mais seguro, não salva vidas e não resolve os problemas da violência. “Este Congresso, ao longo do tempo, aumentou penas, dificultou progressão e qual o resultado? Não resolveu e não vai resolver.”
Bohn Gass (PT-RS), por sua vez, disse que o projeto não aposta na ressocialização de presos. O líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), endossou a contestação: “Aqui no Brasil, a população carcerária está explodindo. Se você pega o crime pequeno e coloca o cara na cadeia, ele será vítima do PCC”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também
Câmara acelera tramitação de PL que endurece critérios para concessão de incentivos fiscais
Por CartaCapital
Marina Silva volta a ser atacada por bolsonaristas em audiência na Câmara: ‘Adestrada’
Por Vinícius Nunes
Câmara aprova destinação de R$ 520 milhões para ações de defesa civil
Por Agência Brasil



