Mundo
Membros de revista turca acusada de publicar caricatura de Maomé são presos
O presidente Recep Tayyip Erdogan chamou o fato de ‘provocação vil’ e o declarou um ‘crime de ódio’


Os quatro membros e chefes da revista satírica turca LeMan, acusada de publicar uma caricatura do profeta Maomé, foram detidos, apesar de terem negado a acusação. O anúncio partiu do ministro da Justiça, nesta quarta-feira 2.
O diretor de controle de gestão, Ali Yavuz, o designer gráfico Cebrail Okçu, o autor do desenho, Dogan Pehlevan, e o editor-chefe, Zafer Aknar, foram detidos na segunda-feira.
“Quatro suspeitos, detidos em relação à investigação iniciada pela promotoria de Istambul sobre o desenho desrespeitoso do profeta Maomé, foram levados sob custódia”, anunciou no X o ministro Yilmaz Tunç.
Segundo o portal de notícias T24, que relatou sua declaração à polícia, o cartunista do LeMan Dogan Pehlevan disse que queria “falar sobre paz nesse desenho”.
“Eu desenho na Turquia há anos. A primeira regra que aprendemos é não falar sobre assuntos religiosos ou tirar sarro da religião”, disse ele.
O desenho mostra dois personagens apertando as mãos no céu sobre uma cidade bombardeada, um chamado Maomé e o outro Moisés.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, chamou o fato de “provocação vil” e o declarou um “crime de ódio”.
Contatado pela AFP, o editor-chefe do LeMan, Tuncay Akgun, disse que o desenho em questão “não tem nada a ver com o profeta Maomé”. “Nunca correríamos esse risco”.
“O personagem é um muçulmano morto em Gaza (…) Ele foi chamado de Maomé (assim como) mais de 200 milhões de pessoas no mundo muçulmano”, defendeu.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.