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Justiça pede retirada de imunidade do presidente da Costa Rica

Rodrigo Chaves é acusado pelo procurador-geral Carlo Díaz de obrigar uma empresa a entregar 32 mil dólares a seu amigo e ex-assessor Federico Cruz

Justiça pede retirada de imunidade do presidente da Costa Rica
Justiça pede retirada de imunidade do presidente da Costa Rica
Rodrigo Chaves, candidato da direita, vence as eleições presidenciais na Costa Rica. Foto: Luis ACOSTA / AFP
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A Suprema Corte de Justiça da Costa Rica solicitou nesta terça-feira 1º ao Congresso, pela primeira vez na história do país, a retirada da imunidade do presidente, Rodrigo Chaves, acusado de corrupção.

Em meio a um confronto entre poderes do Estado, o Tribunal de Corte Plena, instância que reúne os magistrados da Corte Suprema, decidiu por 15 votos a 7 “encaminhar à Assembleia Legislativa o pedido de levantamento do foro” de “imunidade” do presidente, segundo um comunicado do Judiciário.

Chaves, um economista conservador de 64 anos, foi acusado pelo procurador-geral Carlo Díaz, com quem tem um confronto aberto, de obrigar uma empresa de serviços de comunicação contratada pela Presidência a entregar 32 mil dólares (R$ 174.416, na cotação atual) a seu amigo e ex-assessor Federico Cruz.

Díaz atribui ao presidente o crime de concussão, que prevê penas de dois a oito anos de prisão para funcionários públicos.

“A decisão final fica nas mãos” dos deputados, segundo a nota.

A Corte Plena, que trata de assuntos de grande importância nacional, também pede a retirada da imunidade do ministro da Cultura, Jorge Rodríguez, pelas mesmas acusações.

Segundo a promotoria, a contratação da empresa durante o mandato de Chaves, de 2022 a 2026, foi feita com recursos do Banco Centro-Americano de Integração Econômica (CABEI, na sigla em inglês), por meio de um procedimento “aparentemente” indevido.

O presidente não reagiu até o momento, mas a líder do governo na Câmara dos Deputados, Pilar Cisneros, classificou de “insubstancial, absurdo e ridículo” o pedido do tribunal, ao indicar que Chaves “não teve nada a ver” com um contrato privado.

Rodríguez, por sua vez, afirmou ter “a consciência tranquila e a trajetória limpa”.

Beligerância política

Autoridades judiciais e eleitorais estão conduzindo outras investigações contra o presidente, pelo financiamento de sua campanha e beligerância política, respectivamente.

O Ministério Público o acusou de financiamento ilícito da campanha eleitoral de 2022.

E na quinta-feira passada, o Tribunal Supremo de Eleições proibiu Chaves de intervir na campanha para o pleito de fevereiro de 2026, ao determinar que ele “se aproveitou ilegitimamente” de seu cargo para “favorecer um programa político”.

Ex-funcionário do Banco Mundial, Chavez não pode disputar a reeleição consecutiva, por ser proibida, mas funcionários próximos não descartam que ele busque uma cadeira na Assembleia Legislativa. Seu perfil de líder populista de linha-dura o favorece nas pesquisas.

Chaves afirmou que espera que seu partido obtenha uma maioria qualificada no Congresso nas próximas eleições para realizar uma série de reformas no país.

Em suas conferências e em atos oficiais, Chaves costuma desqualificar partidos de oposição, juízes, procuradores e deputados, e frequentemente ataca a imprensa crítica.

Chaves é admirador do presidente salvadorenho, Nayib Bukele, e enviou seu ministro da Justiça, Gerald Campos, para visitar a megaprisão de segurança máxima Cecot de El Salvador, cujas severas condições de reclusão são criticadas por grupos de defesa dos direitos humanos.

Campos renunciou nesta segunda à sua imunidade para enfrentar acusações pelos crimes de peculato e falsidade ideológica.

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