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Ucrânia bombardeia fábrica de armas russa a mais de 1.000 km de sua fronteira

Drones atingiram a fábrica de Kupol, que produz os sistemas de defesa antiaérea Tor e Osa e drones para o Exército russo

Ucrânia bombardeia fábrica de armas russa a mais de 1.000 km de sua fronteira
Ucrânia bombardeia fábrica de armas russa a mais de 1.000 km de sua fronteira
Soldados ucranianos preparam um drone para um ataque noturno contra a Rússia. Foto: Genya SAVILOV / AFP
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A Ucrânia afirmou, nesta terça-feira (1º), que bombardeou uma fábrica de “sistemas de defesa antiaérea” e “drones” na cidade russa de Izhevsk, a mais de 1.000 quilômetros de sua fronteira, um ataque que deixou pelo menos três mortos, segundo as autoridades locais.

Este é um novo bombardeio ucraniano contra alvos distantes da fronteira, em território russo, um tipo de ataque que Kiev prometeu intensificar em resposta aos bombardeios russos desde que Moscou lançou sua ofensiva em larga escala na Ucrânia, em fevereiro de 2022.

Desta vez, o alvo foi a cidade de Izhevsk, onde “drones do SBU” – os serviços de segurança da Ucrânia – “atingiram a fábrica de Kupol (…), que produz os sistemas de defesa antiaérea Tor e Osa e drones para o Exército russo”, disse à AFP uma fonte do setor de segurança ucraniano, que pediu anonimato.

Segundo Alexander Brechalov, líder da república de Udmurt, onde Izhevsk está localizada, o ataque deixou pelo menos três mortos e cerca de trinta feridos.

“Estive com os feridos no hospital: atualmente, 35 pessoas estão hospitalizadas, dez delas em estado grave (…). Para nosso grande pesar, há três mortos”, anunciou Brechalov em sua conta no Telegram.

Anteriormente, o líder havia especificado que uma empresa de Izhevsk, cidade de 640 mil habitantes e a cerca de 970 quilômetros de Moscou, havia sido alvo de um “ataque de drones realizado pelo regime de Kiev”.

Intensificação de bombardeios com drones

Izhevsk é conhecida por abrigar diversas empresas do complexo militar-industrial russo, incluindo uma fábrica de drones de ataque.

Imagens publicadas pela mídia russa, que não foram verificadas pela AFP, mostram fumaça saindo de um prédio em chamas e um drone sobrevoando-o e colidindo com ele.

A Rússia intensificou seus bombardeios contra a Ucrânia nas últimas semanas, após duas rodadas de negociações de paz entre as delegações de Kiev e Moscou em Istambul, que não produziram resultados.

O número de drones de longo alcance lançados pela Rússia contra a Ucrânia aumentou 36,8% em junho em comparação com o mês anterior, segundo uma análise da AFP divulgada nesta terça-feira, um aumento que coloca à prova as defesas antiaéreas de Kiev.

Segundo dados militares ucranianos, a Rússia enviou 5.438 drones de ataque de longo alcance contra seu território em junho, o maior número desde fevereiro de 2022.

Em maio, Moscou havia lançado 3.974 desses dispositivos.

Avanço russo no front

Diante desses ataques, o comandante-chefe do Exército ucraniano, Oleksander Sirsky, declarou em 21 de junho que Kiev intensificaria seus ataques contra alvos militares russos no interior da Rússia.

Na véspera das negociações entre Kiev e Moscou em Istambul, em 2 de junho, Kiev bombardeou vários aeródromos russos, a milhares de quilômetros de suas fronteiras, após ter contrabandeado drones explosivos para a Rússia em uma operação complexa.

Segundo Kiev, seus drones danificaram ou destruíram muitas das aeronaves usadas para bombardear o território ucraniano, um número que a Rússia posteriormente minimizou.

Questionado sobre o aumento dos bombardeios russos na Ucrânia, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que eles faziam parte de operações militares comandadas por Moscou.

“Kiev sabe perfeitamente o que deve ser feito para encerrar os combates”, acrescentou Peskov na segunda-feira, aludindo às exigências da Rússia por um cessar-fogo.

Entre suas exigências, o Kremlin quer o controle total de cinco regiões ucranianas, incluindo a Crimeia, e garantias de que Kiev jamais se juntará à Otan. Essas exigências são consideradas inaceitáveis para a Ucrânia.

Enquanto isso, nas linhas de frente, as tropas russas, mais numerosas, continuam avançando em alguns setores.

Na noite de segunda-feira, Leonid Pasechnik, líder nomeado por Moscou na região de Luhansk, no leste da Ucrânia, declarou na televisão que toda a região — que a Rússia afirma ter anexado — foi conquistada pelas tropas do Kremlin.

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