Do Micro Ao Macro

Brasil tem 2,1 milhões de pequenos varejos, mas metade ainda não aceita pagamentos digitais

Estudo da Mastercard aponta potencial econômico do setor e mostra como soluções com inteligência artificial têm acelerado a digitalização por meio do WhatsApp

Brasil tem 2,1 milhões de pequenos varejos, mas metade ainda não aceita pagamentos digitais
Brasil tem 2,1 milhões de pequenos varejos, mas metade ainda não aceita pagamentos digitais
Pesquisa mostra pagamento antecipando decisões e diferenciando gerações
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Em 2024, a América Latina concentrou cerca de 12,4 milhões de pequenos varejistas ativos, segundo estudo da Mastercard realizado em parceria com a consultoria PCMI. Só no Brasil, são mais de 2,1 milhões de pequenos negócios — incluindo lojas de bairro, mercearias e bancas.

Esses comércios movimentam parte expressiva da economia regional. De acordo com a pesquisa, as vendas de empresas de bens de consumo embalados (CPG) feitas por meio do comércio tradicional totalizam US$ 448,4 bilhões por ano nas Américas, com US$ 293,4 bilhões em transações B2B.

No entanto, apesar desse volume, o grau de digitalização ainda é limitado. No Brasil, apenas 50% dos pequenos varejos aceitam pagamentos digitais, como cartões ou carteiras eletrônicas.

Obstáculos à digitalização vão além do acesso a maquininhas

O estudo, intitulado “Transforming Payments: Digital Solutions for Traditional Trade in the CPG Industry”, analisou 12 países da região. Ele identificou barreiras que dificultam a digitalização dos pequenos pontos de venda.

Entre os principais entraves estão:

  • atuação informal dos negócios;

  • falta de acesso a crédito;

  • baixa familiaridade com ferramentas digitais;

  • conectividade limitada em áreas rurais e periféricas;

  • desconfiança em relação ao sistema bancário.

Além disso, o levantamento mostra que a desigualdade no avanço da digitalização se reflete na dificuldade das grandes indústrias em operar com eficiência nesse canal. Isso dificulta o planejamento logístico, o relacionamento comercial e a análise de dados de consumo.

WhatsApp

Com mais de 2 bilhões de usuários ativos, o WhatsApp ocupa posição central no processo de digitalização. No Brasil e no México, o aplicativo é usado tanto para comunicação quanto para pedidos e atendimento.

Nesse contexto, soluções conversacionais com inteligência artificial têm ganhado força, como mostra o avanço da plataforma Yalo.

A Yalo é uma startup mexicana que atua na integração de IA em canais como o WhatsApp. Por meio de agentes digitais, a empresa facilita a realização de pedidos, fidelização de clientes e envio de recomendações automáticas baseadas em histórico de compras.

Segundo Andrés Stella, COO da Yalo, o uso da IA tem acelerado a digitalização. “As ferramentas tradicionais representavam de 10% a 12% nas vendas. Com IA, estamos crescendo mais 10% além disso”, afirmou.

Inteligência artificial torna negociação mais eficiente

A Kellanova, dona de marcas como Kellogg’s, é uma das empresas que vêm apostando na digitalização do pequeno varejo. Segundo Dyego Calabres, gerente de Inteligência de Negócios da companhia, a IA tem profissionalizado o relacionamento com os lojistas.

“Com a sugestão de pedidos, transformamos o vendedor menos preparado em alguém com dados concretos. Isso nos ajuda a manter o tom pessoal nas vendas, mas de forma mais eficiente”, explicou.

Facilidade, familiaridade e presença no WhatsApp

De acordo com Javier Mata, CEO da Yalo, o segredo da transformação está na simplicidade. “Se simplificarmos a forma como interagimos, conseguimos digitalizar essas lojas. Precisamos estar onde o lojista já está — 84% do tempo que ele passa no celular é em apps de mensagem”, afirmou.

A Yalo e a Mastercard já operam juntas por meio do Yalo Pago, solução que unifica pedidos, crédito e pagamentos dentro do WhatsApp. A proposta é eliminar barreiras como a complexidade tecnológica ou a falta de capacitação.

“O WhatsApp é a principal ferramenta digital desses lojistas. Quando conseguimos transformá-lo em canal de negócios, criamos uma ponte direta entre a indústria e o pequeno comércio”, concluiu Javier Mata.

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