Política
A justificativa de Motta para pautar (sem aviso prévio) o projeto que pode derrubar o aumento do IOF
O governo foi pego de surpresa com a inclusão do projeto na ordem do dia desta quarta-feira


O deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara, disse ter pautado o projeto de decreto legislativo (PDL) que derruba o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nesta quarta-feira 25 após identificar a “vontade da Casa” em seguir com a votação.
A curta explicação do parlamentar para definir a pauta foi dada à CNN Brasil na manhã desta quarta-feira. Aliados do deputado, porém, sinalizaram à emissora que a real motivação de Motta seria a irritação com o Planalto, causada por impasses na liberação de emendas e, principalmente, pela postura de governistas de indicarem o Congresso como ‘vilão’ de um possível aumento na conta de luz.
Apesar da urgência ao projeto já ter sido aprovada, o governo foi pego de surpresa com o agendamento repentino da votação. O Planalto não teria sido avisado previamente de que o texto poderia entrar na ordem do dia. A expectativa inicial é de que o tema voltasse a ser discutido apenas em julho, após resultados bimestrais e junto com o pacote de medidas compensatórias apresentado pelo governo.
Após o anúncio de Motta de que o tema será colocado em votação, o próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, saiu em defesa do texto do governo que corre o risco de ser derrubado.
Para Haddad, “o decreto do IOF corrige uma injustiça: combate a evasão de impostos dos mais ricos para equilibrar as contas públicas e garantir os direitos sociais dos trabalhadores”.
Além da falta de aviso prévio, Motta também deu outro sinal contrário ao governo no tema e entregou a relatoria do PDL a um deputado bolsonarista. A posição ficará com Coronel Chrisóstomo (PL-RO), conforme anunciou o líder do partido na Casa, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).
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