Economia
Lula volta a defender exploração de petróleo na Margem Equatorial
Grupos ambientalistas denunciam estes planos, afirmando que podem ameaçar o papel crucial da Amazônia contra o aquecimento global


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, nesta quinta-feira 19, que o Brasil busque novas reservas de petróleo perto da Amazônia, e afirmou que o mundo “não está preparado” para viver sem combustíveis fósseis, meses antes do país sediar a conferência climática COP30.
A empresa petrolífera estatal Petrobras aguarda uma licença do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para iniciar um megaprojeto de exploração na chamada Margem Equatorial, em águas próximas à maior floresta tropical do mundo.
“Eu sou favorável que a gente vá trabalhando a ideia de um dia não ter combustível fóssil (…), mas eu sou muito realista: o mundo não está preparado para viver sem o petróleo”, afirmou Lula em uma entrevista divulgada nesta quinta-feira no podcast do rapper Mano Brown, no Spotify.
“Por que a gente não pode explorar essa riqueza nossa para que a gente possa fazer outra riqueza acontecer, que é a transição energética?”, acrescentou o mandatário de esquerda, que quer que o Brasil lidere a luta global contra a mudança climática.
Grupos ambientalistas denunciam estes planos, afirmando que podem ameaçar o papel crucial da Amazônia contra o aquecimento global.
Lula enfatizou que a exploração ocorreria “a 545 km da Margem (Equatorial), em águas internacionais”, onde países como Guiana e Suriname já estão perfurando.
Também argumentou que o petróleo “pode deixar de ser o combustível tão diabólico” e citou como o exemplo o fato de o Brasil já incorporar 30% de etanol na gasolina e 15% de biodiesel no óleo diesel.
Localizada no norte do país, a Margem Equatorial tem reservas potenciais de petróleo bruto estimadas em pelo menos 10 bilhões de barris.
Em uma operação separada do megaprojeto da Petrobras, o país concedeu, na terça-feira, 19 das 47 áreas de exploração de petróleo na mesma área do oceano Atlântico a consórcios liderados pela Petrobras-ExxonMobil e Chevron-CNPC por R$ 844 milhões.
Esta concessão também enfrenta a oposição de grupos ambientalistas e do Ministério Público, que pediram a suspensão dos leilões.
O Brasil sediará a conferência climática da ONU COP30 em novembro na cidade de Belém.
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