Novo doc sobre Hyldon resgata um dos discos mais importantes dos anos 70

Não fosse o longa-metragem As Dores do Mundo: Hyldon (2025, 90 min), de Emílio Domingos e Felipe David Rodrigues, o disco lançado pelo cantor e compositor baiano em 1975 teria passado batido — e seria um grande erro.

O filme concorre na Competição Nacional do In-Edit, principal festival de documentários de música do País, que acontece em São Paulo.

O álbum Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda, de Hyldon, é um clássico dos anos 1970, com influências da música romântica, do baião e, principalmente, do soul, que ganhava uma versão brasileira com ascendência do ritmo do samba.

Pelo menos três músicas estouraram entre as 12 canções: a faixa-título — também conhecida como Casinha de Sapê —, Na Sombra de uma Árvore e As Dores do Mundo. Outras carregam inovação musical para a época, como Acontecimento, Sábado e Domingo, Guitarras, Violinos e instrumentos de Samba e Meu Patuá.

O documentário As Dores do Mundo: Hyldon tem sessões nos cinemas em São Paulo nesta quinta-feira 19, às 20h30, na Cinemateca (Largo Senador Cardoso, 207 – Vila Mariana), e no sábado 21, às 16h, no Spcine Olido (Avenida São João, 473 – Centro), parte da programação do In-Edit.

No filme, Hyldon relata sua infância na Bahia e a mudança para o Rio de Janeiro. Ele conta sobre a produção das composições do álbum e as influências, com vários depoimentos de artistas, a exemplo de Mano Brown, Lineker e Arnaldo Antunes.

A evolução rápida na carreira, iniciada como produtor de ponta de gravadora para depois se consolidar como um artista de sucesso, é bastante destacada no filme. 

Fica a impressão de que Hyldon entrou em conflito pessoal diante de toda aquela mudança em sua vida. Talvez não tivesse preparado para o resultado próspero com pouco mais de 20 anos. 

Ele lançou mais de uma dezena de discos e poderia ter chegado e permanecido no estrelato. Negro, enfrentou como toda a sua geração da black music um brutal apagamento. 

Recentemente, toda essa questão tem sido mais discutida. O documentário é mais um elemento para montar o quebra-cabeça do que aconteceu não só com Hyldon, mas com Cassiano, Gerson King Combo, Carlos Dafé, entre outros.