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Em 3º dia de conflito, mortos chegam a 128 no Irã e a 14 em Israel
Após décadas de guerra indireta e operações pontuais, esta é a primeira vez que os dois países se envolvem em um confronto militar tão intenso


Israel lançou uma nova onda de ataques contra o Irã neste domingo 15, após o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, alertar que Teerã “pagará um preço muito alto” pela morte de civis. Paralelamente, o Irã lançou mísseis contra Israel, acionando sirenes de ataque aéreo em Jerusalém e outras partes do país.
Israel continuou seus ataques a instalações militares e depósitos de combustível em solo iraniano, incluindo a destruição de “um avião de reabastecimento de combustível iraniano no aeroporto de Mashhad”, uma cidade no leste do país, e “dezenas” de ataques contra infraestruturas de mísseis no oeste do Irã.
Em Teerã, a televisão estatal noticiou a morte de pelo menos cinco pessoas em um ataque israelense a um prédio residencial.
Em Israel, os ataques já deixaram 14 mortos e mais de 200 feridos, segundo os serviços de emergência e a polícia. No Irã, pelo menos 128 pessoas, incluindo mulheres e crianças, morreram e cerca de 900 ficaram feridas em ataques israelenses, segundo o jornal Etemad, citando o Ministério da Saúde.
O objetivo de Israel é atacar “todas as instalações e alvos do regime” no Irã, disse Netanyahu no sábado.
Entenda o conflito
O conflito começou na sexta-feira, quando o Exército israelense lançou um ataque sem precedentes e em larga escala contra o Irã, com o objetivo declarado de impedi-lo de adquirir armas nucleares. Após décadas de guerra indireta e operações pontuais, esta é a primeira vez que os dois países se envolvem em um confronto militar tão intenso.
A campanha aérea massiva contra o Irã matou funcionários de alto escalão do regime iraniano, incluindo o chefe da Guarda Revolucionária, Hosein Salami, o chefe do Estado-Maior do Exército, Mohamed Baqeri, e nove cientistas do programa nuclear.
Tanto Israel quanto os países ocidentais acusam o Irã de buscar a aquisição de armas nucleares, algo que Teerã nega e defende seu direito de desenvolver um programa nuclear civil.
“Se a agressão cessar, nossa resposta cessará”, disse o ministro das Relações Exteriores iraniano, acusando Israel de tentar “inviabilizar” as negociações nucleares indiretas iniciadas em abril com os Estados Unidos.
Os ataques israelenses tiveram como alvo, entre outros, o centro de enriquecimento de urânio de Natanz, no centro do país, cuja superfície foi destruída, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Israel também disse que “desmantelou” uma usina de conversão de urânio em Isfahan.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aliado de Israel, instou as partes em conflito neste domingo a “chegarem a um acordo”. Ele disse ser “possível” que seu país se envolvesse no conflito, mas afirmou que “não está envolvido neste momento”.
No entanto, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, afirma ter “evidências sólidas do apoio das forças e bases americanas” aos ataques israelenses.
Resposta do Irã
Na madrugada deste domingo, sirenes soaram novamente em várias cidades israelenses. Em Bat Yam, ao sul de Tel Aviv, vários prédios residenciais foram destruídos por ataques iranianos.
“Não sobrou nada, não há casa, acabou!”, disse Evgenia Doudka, cujo apartamento foi destruído. “O alarme disparou e fomos para o abrigo. De repente, todo o abrigo estava coberto de poeira, e foi aí que percebemos que um desastre tinha acabado de acontecer”.
“Estou estressada e em choque. Já passei por momentos difíceis na minha vida, mas nunca estive em uma situação como esta”, disse Julia Zilbergoltz, moradora cuja casa foi atingida por um míssil.
“O Irã pagará um preço alto pelo assassinato premeditado de civis, mulheres e crianças”, disse Netanyahu durante uma visita a Bat Yam.
A maioria dos mísseis e drones iranianos foi interceptada, de acordo com o Exército israelense, e os Estados Unidos auxiliaram Israel a derrubá-los, disse uma autoridade americana na sexta-feira.
(Com informações da AFP).
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