Política

Quem é Gilson Machado, ex-ministro de Bolsonaro preso nesta sexta

Ele é acusado de articular a fuga do tenente coronel Mauro Cid do País

Quem é Gilson Machado, ex-ministro de Bolsonaro preso nesta sexta
Quem é Gilson Machado, ex-ministro de Bolsonaro preso nesta sexta
Gilson Machado, o ex-ministro e sanfoneiro de Bolsonaro, foi preso pela PF por suspeita de articular um plano de fuga para Mauro Cid. Foto: Alan Santos/PR
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Em junho de 2020, o Brasil contabilizava cerca de 50 mil mortes confirmadas por Covid-19 e o governo de Jair Bolsonaro (então sem partido, hoje no PL) era cobrado pela inação e pelo desprezo às vítimas. O ex-capitão decidiu, então, tomar providências. Em uma live nas redes sociais, prestou uma homenagem aos mortos, com a execução da música Ave Maria ao som da sanfona. O sanfoneiro escolhido foi Gilson Machado Neto.

À época, Machado era o presidente da Embratur, a agência nacional de promoção do turismo. Antes, havia ocupado duas secretarias do Ministério do Meio Ambiente: a de Ecoturismo e Cidadania e a de Florestas. Foi um reconhecimento a uma amizade construída antes de Bolsonaro chegar ao Palácio do Planalto.

Pernambucano, Gilson Machado é produtor rural e veterinário de formação (até por isso, foi acionado e prestou os primeiros socorros quando o ex-presidente passou mal no Rio Grande do Norte e, na sequência, foi internado).

O ex-ministro fez parte da banda “Gilson Machado e o Forró da Brucelose”, cujo nome integra duas de suas paixões: a música e a veterinária – brucelose é o nome de uma doença que pode acometer as vacas.

Em 2018, tentou se lançar candidato ao Senado com o nome de “Gilson Sanfoneiro”, mas seu partido à época, o Patriota (que se fundiria ao PTB para fundar o PRD) vetou a candidatura.

Sua primeira aventura como candidato foi em 2022, quando, enfim, concorreu ao Senado (já pelo PL, que se tornou a legenda oficial do bolsonarismo), mas não se elegeu, perdendo a vaga para a petista Teresa Leitão. Já em 2024, concorreu à prefeitura do Recife, mas novamente ficou em segundo lugar, distante de João Campos (PSB), que foi reeleito.

Preso pela PF

Machado foi preso pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira 13. A prisão preventiva ocorreu em Recife.

Ele passou a ser investigado nos últimos dias após indícios de que ele teria tentado articular a fuga do tenente-coronel Mauro Cid do Brasil, alvo de buscas na mesma operação. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro se tornou delator na trama golpista, caso em que também é réu. A investigação foi aberta a pedido da PF e da Procuradoria-Geral da República.

O ex-ministro do Turismo teria, segundo as primeiras informações, tentado emitir um passaporte português para Cid. A iniciativa serviria para obstruir as investigações do plano golpista, na qual Bolsonaro é um dos réus.

A tentativa de emissão do passaporte teria ocorrido em maio de 2025, no Consulado de Portugal no Recife. Cid já era delator e réu na trama. O ex-ministro não obteve sucesso no plano. A mera tentativa, porém, é vista como uma forma de atrapalhar a condução do processo.

Sabe-se que, no início de 2023, antes de ser preso pela primeira vez, o tenente-coronel procurou um serviço de assessoria para conseguir cidadania portuguesa.

Machado falou, brevemente, com a imprensa antes de passar por exames necessários para o trâmite de detenção. O ex-ministro repetiu a versão de que sua articulação no Consultado de Portugal teria como objetivo a liberação de um passaporte para o próprio pai e não para o tenente-coronel.

“Não matei, não trafiquei drogas, não tive contato com traficante. Apenas pedi um passaporte para meu pai, por telefone”, alegou. Machado sustentou, ainda, que gravações de ligações e áudios enviados a funcionários do Consulado poderiam comprovar sua versão. Ele afirma que nunca foi pessoalmente à nenhuma sede diplomática, “nem no Brasil, nem fora do Brasil”.

O advogado que cuida do caso do ex-ministro, por sua vez, disse não saber ainda os motivos da prisão por não ter tido acesso aos autos do processo ou à decisão de Alexandre de Moraes.

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