Preso em Israel, ativista brasileiro Thiago Ávila está em greve de fome e foi levado para solitária

O brasileiro Thiago Ávila, que tentava chegar a Gaza junto a ativistas de diferentes países para levar ajuda humanitária em uma embarcação que foi interceptada por Israel no último domingo, segue sob custódia dos israelenses depois de recusar assinar os documentos de deportação. Como protesto, ele realiza uma greve de fome desde a detenção.

CartaCapital acionou a Embaixada do Brasil em Tel Aviv, em busca de informações sobre a assistência prestada ao brasileiro, e aguarda retorno. O Ministério das Relações Exteriores (MRE) chegou a informar que ele retornaria ao Brasil, e que funcionários da Embaixada tinham sido enviados ao aeroporto para garantir “tratamento digno” ao ativista.

Em nota posterior, a pasta confirmou a detenção do brasileiro e disse que segue acompanhando o caso. “Tendo em vista sua recusa em ser imediatamente deportado, o ativista brasileiro foi levado a centro de detenção israelense. A Embaixada do Brasil acompanhou o depoimento de Thiago Ávila à Juíza do Tribunal de Revisão de Detenção e continua a prestar-lhe assistência”, diz o comunicado do Itamaraty.

“O Brasil clama pela libertação de seu nacional e insta Israel a zelar pelo seu bem-estar e saúde”, finaliza a nota do MRE, que também crítica a grave situação humanitária de Gaza.

Além de Ávila, outros sete integrantes da chamada ‘Flotilha da Liberdade‘ seguem detidos em Israel. Quatro tripulantes que estavam no grupo original, incluindo a sueca Greta Thunberg, deixaram o território israelense na condição de deportados.

Solitária

Segundo a advogada do grupo, Thiago foi separado dos demais nesta quarta-feira 11 e colocado em uma solitária. As informações são de que ele estaria sendo ameaçado pelo regime de Israel, que teria informado que ele passaria “7 dias em uma cela escura, pequena, sem ar e sem acesso a ninguém”.

De acordo com o comunicado publicado pela organização ‘Flotilha da Liberdade’, os oito que seguem detidos afirmam terem sido sequestrados e forçadamente levados ao território israelense, e afirmam que o bloqueio israelense à embarcação é ilegal, dado que eles navegavam em águas internacionais. Assim, entendem que não poderiam ser deportados.

O veleiro que levava o grupo foi sequestrado pelas Forças Armadas israelenses na noite de domingo 8, a mais de 180 quilômetros da costa de Gaza. Os ativistas levavam donativos, incluindo comida e fórmula para bebês, e pretendiam entregar o material à população civil de Gaza, sufocada pelo bloqueio imposto pelos israelenses.

Mais de 54 mil palestinos, a maioria civis, morreram desde o início das ações militares israelenses desde outubro de 2023. Os dados são do Ministério da Saúde de Gaza, considerado uma fonte confiável pelas Nações Unidas.