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Secretário de Saúde dos EUA demite especialistas de importante painel sobre vacinas
Robert F. Kennedy Jr. tem promovido ao longo das últimas duas décadas desinformação sobre imunizantes


O secretário de Saúde dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr., anunciou nesta segunda-feira 9 que demitiu os especialistas de um comitê consultivo sobre vacinas e os acusou de terem conflito de interesses, em seu novo golpe contra a política de vacinação no país.
A decisão de demitir os 17 especialistas do Comitê Consultivo sobre Práticas de Imunização (ACIP, na sigla em inglês) foi anunciada em um artigo no Wall Street Journal e em um comunicado oficial.
Kennedy Jr. considera a medida essencial para restabelecer a confiança pública e acusou o painel de manter vínculos financeiros com empresas farmacêuticas.
“Hoje damos prioridade à restauração da confiança pública acima de qualquer agenda específica a favor ou contra as vacinas”, afirmou no comunicado.
“A opinião pública deve saber que as recomendações de nossas agências de saúde são guiadas pela ciência imparcial, avaliadas por meio de um processo transparente e isoladas de conflitos de interesses”, acrescentou.
Em seu artigo, Kennedy Jr. alega que o painel tem sido “afetado por persistentes conflitos de interesses” e se tornou “pouco mais do que uma aprovação automática para qualquer vacina”.
Segundo ele, estão sendo analisados novos membros para substituir os especialistas de saída, que haviam sido nomeados por sua experiência e eram obrigados a declarar se tinham conflitos de interesses.
O secretário de Saúde tem promovido ao longo das últimas duas décadas desinformação sobre vacinas. Entre outras coisas, insiste que a vacina contra sarampo, caxumba e rubéola (SCR ou tríplice viral) causa autismo, algo que já foi cientificamente desmentido.
Desde que assumiu o cargo, restringiu o acesso às vacinas contra a Covid-19 e semeou dúvidas sobre a tríplice viral, apesar de os Estados Unidos estarem enfrentando o pior surto de sarampo em anos, com três mortes e mais de 1.100 casos registrados. Os especialistas temem que na realidade existam mais casos.
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