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Trump menciona possível prisão do governador da Califórnia e protestos nos EUA ganham força

Organização das Nações Unidas (ONU) pediu que autoridades dos EUA evitem escalada da crise

Trump menciona possível prisão do governador da Califórnia e protestos nos EUA ganham força
Trump menciona possível prisão do governador da Califórnia e protestos nos EUA ganham força
Declarações de Donald Trump sobre possível prisão de governador da Califórnia dão força a protestos anti-imigração. Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez o arriscado movimento de ignorar a autoridade do governador da Califórnia, o democrata Gavin Newson, e enviou dois mil agentes da Guarda Nacional para Los Angeles. O objetivo era conter os protestos de imigrantes contra as políticas migratórias da Casa Branca. Diante das críticas sofridas, e pressionado pelo fato de que os protestos não cessaram, o republicano decidiu ameaçar prender Newson.

A tensão entre as autoridades começou a crescer no último sábado 7. Foi quando o responsável do governo por controlar a imigração ilegal, Tom Homan, ameaçou prender qualquer pessoal que obstruísse as tentativas de se aplicar a lei de imigração na Califórnia. A postura não era inesperada, já que Homan, conhecido em outros tempos como ‘czar da fronteira’, é um dos cabeças da radical política migratória do governo Trump. Ele sugeriu que Newsom e Karen Bass, prefeita de Los Angeles, poderiam ser presos. 

Logo depois, o governador afirmou que Homan deveria “acabar logo com isso” e partir para a prisão. Nesta segunda-feira 9, Trump foi questionado sobre o tema e disse que “apoiaria” levar Homan para a cadeia.

Segundo Trump, “as pessoas que causam os problemas são agitadores profissionais e insurgentes”. Enquanto isso, cerca de 60 pessoas foram presas durante os protestos em São Francisco, também na Califórnia, em um movimento que mostra que as manifestações estão deixando de ser locais. 

Protestos mobilizaram milhares de pessoas nas ruas de Los Angeles – Foto: Ringo Chiu/AFP

É diante desse quadro que o chefe da polícia de Los Angeles, Jim McDonnell, considera que os protestos “saíram do controle”. “Olhando para esta noite [do último domingo], dá para ver que a situação saiu do controle”, afirmou. Ele criticou o fato de que alguns protestos estariam deixando de lado o caráter pacífico a passando a ser violentos, mas disse que o envio de tropas da Guarda Nacional foi desnecessário. 

O agravamento levou a Organização das Nações Unidas (ONU) a pedir, nesta segunda-feira 9, que a situação deixasse de escalar. “Não queremos ver uma maior militarização da situação e apelamos a todas as partes, nos níveis local, estadual e federal, para que trabalhem nesse sentido”, demandou Farhan Haq, porta-voz-adjunto do secretário-geral da ONU.

A tentativa de militarização das operações contra imigrantes levou Newman a garantir que vai contestar a decisão da Casa Branca na Justiça. Para o governador, a convocação da Guarda Nacional é “ato de um ditador, não de um presidente”. 

Essa não é a primeira vez que o republicano aciona os agentes federais para conter protestos. No seu primeiro mandato, Trump tomou uma decisão parecida, mas por um meio diferente: ele pediu a governadores de diferentes estados que enviassem tropas à capital, Washington, para que pudessem lidar com os protestos pela morte de George Floyd por policiais de Minneapolis.

Agora, porém, Trump decidiu desconsiderar a autoridade estadual de Newson. Por lei, somente o governador pode acionar ou não a Guarda Nacional presente no estado que administra. 

Protestos em LA contra as políticas de imigração de Trump.
Foto: RINGO CHIU / AFP

O uso mais massivo de aparatos militares para questões internas é de interesse do republicano. Trump já chegou a prometer que usaria a Guarda Nacional para reforçar suas metas de imigração. Segundo o vice-chefe de Gabinete da Casa Branca, Stephen Miller, a ideia é fazer com que tropas de estados governados por republicanos aliados enviem reforços aos estados que se recusem a cooperar com o governo.

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