Política
Os novos acenos de Lula ao agronegócio
O presidente despejou elogios ao setor durante o evento, na França, que oficializou a certificação do Brasil como um país livre de febre aftosa sem vacinação
O presidente Lula (PT) tornou a despejar elogios ao agronegócio nesta sexta-feira 6, em um evento realizado na França. Na agenda, em que o Brasil recebeu oficialmente a certificação de um país livre de febre aftosa sem vacinação, o petista destacou o papel do setor agropecuário no crescimento do PIB brasileiro em 2025.
“Hoje é o reconhecimento de um País que tem no agronegócio e na pecuária as mais importantes vertentes econômicas. Já não é um quebra-galho trabalhar com o agronegócio no Brasil, virou o principal negócio do País”, disse Lula ao celebrar o certificado.
Em outro aceno ao setor, o presidente disse acreditar que será ele o responsável por surpreender o mercado financeiro e extrapolar a projeção de crescimento da economia de apenas 0,8% em 2025.
“Eu não acredito que tenha estatístico que consiga distinguir o que vai acontecer o ano inteiro. O que faz as coisas acontecerem é trabalho e o nosso crescimento no primeiro trimestre demonstra que podemos surpreender e crescer acima da média o ano inteiro”, afirmou. “O crescimento da agricultura desse ano pode permitir que a gente cresça um pouco mais”, projetou.
Recado
O presidente, apesar dos muitos acenos, usou o trecho final do discurso para mandar um recado ao setor e cobrou que agricultores brasileiros cumpram o Acordo de Paris, em especial no ponto que prevê a recuperação de terras degradas. Ele direcionou o ‘puxão de orelha’ ao ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, que estava presente no evento.
“Se a gente tiver a decência de pelo menos cumprir o Acordo de Paris, a gente vai estar livre para continuar produzindo o que quiser”, afirmou Lula. “Então o Fávaro que trate de incentivar a recuperação de todas as terras degradadas para que a gente não precise mais derrubar floresta”, cobrou.
Acordo UE-Mercosul
Lula aproveitou também para voltar a cobrar o presidente da França Emmanuel Macron pela redução das barreiras contra o acordo entre União Europeia e Mercosul. Neste trecho, projetou finalizar o tratado de livre comércio entre os dois blocos em, no máximo, seis meses.
“O Macron tem se posicionado contra o acordo da União Europeia com o Mercosul. Eu disse para ele que vou ser presidente do Mercosul a partir do dia 6 de julho e vou concluir o acordo definitivamente nos 6 meses do meu mandato”, destacou Lula.
Sobre o principal ponto de resistência ao acordo, que trata de uma suposta desigualdade de exigências para produtores sul-americanos e europeus, Lula sugeriu um encontro entre representantes dos dois setores para se encontrar um meio termo. “Vamos fazer uma reunião. […] Não queremos criar dificuldades”, comentou.
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