Política

Os possíveis crimes de Eduardo Bolsonaro nos EUA, na avaliação da PGR

Nos EUA, o filho ’03’ de Jair Bolsonaro (PL) pressiona o governo de Donald Trump a aplicar sanções contra Alexandre de Moraes

Os possíveis crimes de Eduardo Bolsonaro nos EUA, na avaliação da PGR
Os possíveis crimes de Eduardo Bolsonaro nos EUA, na avaliação da PGR
Em fevereiro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) participou de evento com lideranças da extrema-direta nos EUA. Foto: Saul Loeb/AFP
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Ao pedir ao Supremo Tribunal Federal a abertura de um inquérito contra Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, sustentou que os eventos narrados apontam para a prática, em tese, de três crimes por parte do deputado federal licenciado. O ministro Alexandre de Moraes acolheu a solicitação e ordenou à Polícia Federal o início da investigação.

Enquanto vive nos Estados Unidos, o filho ’03’ de Jair Bolsonaro (PL) pressiona o governo de Donald Trump a aplicar sanções contra autoridades brasileiras, principalmente Moraes. Na última quarta-feira 21, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, declarou se tratar de uma “grande possibilidade”.

Segundo Gonet, os eventos narrados indicam a figura penal de coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Confira as penas previstas para cada um dos crimes:

Coação no curso do processo: Usar de violência ou grave ameaça para favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral. A pena é de reclusão de um a quatro anos e multa, além da pena correspondente à violência.

Obstrução: Trata de quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação de infração penal que envolva organização criminosa. A pena é de reclusão de três a oito anos e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas.

Abolição violenta: Tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais. A pena é de reclusão quatro a oito anos, além da pena correspondente à violência.

A PGR ainda não atribui esses crimes a Eduardo Bolsonaro. Ao fim da investigação da PF, Gonet poderá denunciar o parlamentar licenciado por essas ou outras práticas, mas também poderá solicitar o arquivamento, caso entenda que não há elementos suficientes para acusá-lo.

Paulo Gonet avalia inicialmente que as ações de Eduardo se intensificam à medida que avança o processo contra o pai pela trama golpista de 2022. O PGR destaca ainda a “real possibilidade de imposição de sanções” contra Moraes: “O sr. Eduardo Bolsonaro, ele próprio, as considera ‘pena de morte financeira’”.

Em manifestação na semana passada, a Comissão Nacional de Estudos Constitucionais da Ordem dos Advogados do Brasil repudiou a ameaça do governo dos Estados Unidos de sancionar Moraes.

Para Marcus Vinícius Furtado Coêlho, presidente da comissão, é inaceitável que qualquer nação pretenda submeter o Brasil a práticas de extraterritorialidade punitiva. Seria, em sua avaliação, uma afronta à democracia e uma tentativa de reduzir o País a uma condição subordinada.

A OAB reforçou que somente o Estado brasileiro tem legitimidade para apurar e, se for necessário, responsabilizar seus agentes públicos.

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