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Quiet quitting cresce nas empresas e revela falhas de conexão com os funcionários

Práticas como escuta ativa, cultura coerente e diálogo frequente ajudam a reverter o desengajamento no ambiente de trabalho

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A prática de entregar apenas o básico no trabalho, sem envolvimento com a empresa, tem ganhado força em ambientes corporativos. Conhecido como quiet quitting, o fenômeno expressa a falta de conexão entre o discurso institucional e a experiência real vivida pelos funcionários.

Segundo Angélica Madalosso, CEO do hub de employer branding ILoveMyJob, esse comportamento não é novo, mas se tornou mais visível com o avanço do desengajamento, especialmente entre profissionais mais jovens.

Baixos salários e falta de perspectiva agravam a situação

O relatório Loved Companies, produzido pela ILoveMyJob, aponta que fatores como remuneração insatisfatória, ausência de plano de carreira e sobrecarga estão entre as principais causas do desengajamento.

Além disso, dados da plataforma PinPeople mostram que 48,2% dos profissionais relatam impactos negativos à saúde mental no trabalho.

Essa insatisfação, segundo Angélica, leva parte dos trabalhadores a permanecer nas empresas enquanto buscam outras oportunidades. Já quem tem mais estabilidade financeira tende a pedir demissão sem receios.

Marcas precisam alinhar discurso e prática

Um dos primeiros passos para enfrentar o quiet quitting é reduzir a distância entre o que a empresa comunica e o que realmente oferece. De acordo com Angélica, quando há coerência entre a cultura divulgada e as práticas internas, o engajamento tende a crescer. Promessas desconectadas da realidade geram frustração e reforçam o comportamento de distanciamento.

Cultura forte deve refletir na rotina

Outro fator importante é transformar os valores da empresa em comportamentos cotidianos. Para isso, é necessário identificar e valorizar pessoas alinhadas aos objetivos da organização.

Uma cultura ativa não se sustenta apenas em murais ou apresentações. Ela se estabelece no dia a dia, nas decisões e nas interações.

Quiet quitting é reflexo do ambiente

Segundo Angélica, o esforço mínimo não deve ser interpretado como falta de comprometimento isolado. O comportamento indica um ambiente que não atende às expectativas ou falha em construir vínculos com seus profissionais. Reconhecer esse padrão é o primeiro passo para repensar processos internos, comunicação e gestão de pessoas.

Conversas individuais para restabelecer vínculos

Encontros periódicos entre líderes e funcionários, como os one-on-ones, permitem acompanhar o clima interno de forma mais próxima. Mais do que discutir metas e entregas, esses diálogos devem abordar sentimentos, percepções e expectativas dos profissionais. Para Angélica, esse tipo de escuta reforça a conexão e ajuda a antecipar sinais de desmotivação.

Experiência real fortalece a imagem

A reputação de uma empresa como marca empregadora depende da consistência entre discurso e vivência. As organizações citadas no estudo Loved Companies 2024 foram reconhecidas por práticas que envolvem bem-estar, valorização e escuta ativa.

Segundo Angélica, essas ações não são diferenciais pontuais, mas parte de uma estratégia para manter pessoas engajadas e reduzir o distanciamento no ambiente de trabalho.

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