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NR-1 entra em vigor e obriga empresas a mapear riscos psicossociais no ambiente de trabalho

Norma entra em vigor hoje com foco educativo, mas exige ações imediatas para prevenção de doenças ligadas à saúde mental

NR-1 entra em vigor e obriga empresas a mapear riscos psicossociais no ambiente de trabalho
NR-1 entra em vigor e obriga empresas a mapear riscos psicossociais no ambiente de trabalho
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Entrou em vigor neste 26 de maio a nova versão da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que exige a inclusão de riscos psicossociais — como assédio, estresse e sobrecarga — na política de saúde e segurança do trabalho.

A mudança vale para todas as empresas, que passam a ter a obrigação de mapear esses fatores e incluí-los formalmente no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), ao lado dos riscos físicos, químicos e ergonômicos.

No entanto, o primeiro ano será de caráter educativo. Segundo o Governo Federal, a fiscalização terá foco em orientar, e não haverá autuação até maio de 2026.

Diagnóstico de riscos deve ser estruturado

Com a nova redação, os riscos psicossociais passam a ter o mesmo peso dos demais no Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO). Empresas precisarão adotar metodologias sérias para diagnosticar esses problemas, identificar com precisão os pontos de atenção e construir planos de ação com base em evidências.

Tatiana Pimenta, fundadora e CEO da Vittude, afirma que o momento é decisivo para mudar a forma como se encara a saúde mental nas organizações.

Segundo ela, “essa é a chance de as empresas entenderem o que são riscos psicossociais, estruturarem seus diagnósticos e se prepararem para atuar com prevenção e promoção”.

Problemas de saúde mental afastam milhares de trabalhadores

Dados do INSS indicam que o número de afastamentos por ansiedade e episódios depressivos aumentou 67% em 2024, na comparação com 2023. O total chegou a 472,3 mil casos. A ausência de ações estruturadas nas empresas é apontada como um dos fatores de agravamento.

Com a atualização da norma, situações como assédio moral, pressão excessiva, conflitos interpessoais e falta de apoio organizacional passam a ser reconhecidas como riscos diretos ao trabalhador.

Empresas devem usar o prazo para agir

Embora o primeiro ano não preveja aplicação de multas, Tatiana Pimenta sugere que o prazo seja aproveitado para estruturar processos, e não para adiar a implementação. O risco é de que, sem autuação, as empresas sigam ignorando o tema.

“Muita gente ainda não entendeu a gravidade do que está sendo ignorado. O diagnóstico leva tempo. Quem só começar em 2026 vai ter dificuldade de se adequar”, explica.

Para a especialista, o foco deve estar na criação de ambientes que realmente previnam doenças. “A lógica da NR-1 é de prevenção. E prevenir custa menos do que remediar. Uma organização com funcionários saudáveis entrega mais resultados.”

Manual técnico e comissão vão acompanhar implementação

Para apoiar empregadores e trabalhadores na adaptação, o Ministério do Trabalho e Emprego lançará um manual técnico com orientações detalhadas sobre como cumprir as novas exigências.

Além disso, a norma prevê a atuação de uma Comissão Nacional Tripartite Temática que acompanhará a implementação das diretrizes e debaterá os próximos passos da regulamentação.

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