Educação

Juíza bloqueia o veto de Trump a estudantes estrangeiros em Harvard

Mais cedo, a universidade anunciou ter processado o governo dos Estados Unidos

Juíza bloqueia o veto de Trump a estudantes estrangeiros em Harvard
Juíza bloqueia o veto de Trump a estudantes estrangeiros em Harvard
Foto: Alex Wroblewski / AFP
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Uma juíza dos Estados Unidos bloqueou temporariamente a decisão do governo de Donald Trump de impedir a Universidade de Harvard de matricular e aceitar estudantes estrangeiros, ao considerar a medida inconstitucional.

Na quinta-feira, a secretária de Segurança Nacional, Kristi Noem, revogou a autoridade da Universidade de Harvard de matricular estudantes estrangeiros, uma ameaça ao futuro de milhares de estudantes e aos valiosos recursos que eles fornecem à instituição.

No entanto, Harvard processou o governo de Trump e a juíza Allison Burroughs, do tribunal federal de Massachusetts, proibiu nesta sexta-feira “o governo Trump de implementar a revogação da certificação Sevis (Programa de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio)”.

A medida do governo está suspensa até uma audiência preliminar em 29 de maio. 

Mais de 25% dos estudantes de Harvard são estrangeiros.

Trump está furioso com Harvard, lar de 162 ganhadores do Prêmio Nobel, por recusar sua exigência de que a universidade se submeta à supervisão de admissões e contratações.

Para o presidente, a universidade é foco de antissemitismo e ideologia liberal progressista.

Seu governo já ameaçou revisar 9 bilhões de dólares (quase 51 bilhões de reais) em financiamento governamental para Harvard, congelou uma primeira parcela de 2,2 bilhões de dólares (12,4 bilhões de reais) em subsídios e 60 milhões de dólares (339 milhões de reais) em contratos oficiais, além de ter deportado um pesquisador da Faculdade de Medicina dessa universidade.

Este é “o mais recente ato do governo em clara retaliação ao exercício dos direitos de Harvard, amparados pela Primeira Emenda, ao rejeitar as exigências do governo de controlar a governança, o currículo e a ‘ideologia’ de seu corpo docente e seus estudantes”, afirma a ação movida no tribunal federal de Massachusetts.

Harvard apelou à Justiça para que “detenha as ações arbitrárias, caprichosas, ilegais e inconstitucionais do governo”.

A perda de alunos estrangeiros pode custar caro para a instituição, que cobra dezenas de milhares de dólares por ano em mensalidades.

“Ilegal e injustificado”

O veto aos estudantes estrangeiros ocorreu mediante a revogação da certificação do programa Sevis, que permite a estrangeiros estudar nos Estados Unidos.

Esta medida impediria Harvard de matricular estrangeiros com visto de não imigrante F ou J para o ano letivo 2025-2026.

O presidente da instituição de ensino superior, Alan Garber, condenou nesta sexta-feira a “ação ilegal e injustificada” do governo americano.

“Coloca em perigo o futuro de milhares de estudantes e acadêmicos de Harvard e funciona como advertência para inúmeras pessoas da universidade de todo o país que vieram aos Estados Unidos para continuar sua educação e realizar seus sonhos”, declarou.

Estudantes chineses

Noem declarou na quinta-feira que o governo “responsabiliza Harvard por fomentar a violência, o antissemitismo e a coordenação com o Partido Comunista Chinês em seu campus”.

Os estudantes chineses representam mais de 20% das matrículas internacionais da universidade, segundo seus dados internos, e Pequim afirmou que a decisão “só prejudicará a imagem e a posição internacional dos Estados Unidos”.

“A parte chinesa tem se oposto sistematicamente à politização da cooperação educacional”, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning.

Karl Molden, um aluno austríaco de Harvard, afirmou que solicitou uma transferência para Oxford, no Reino Unido, com medo das medidas do governo americano.

“É assustador e triste”, disse à AFP, na quinta-feira, o estudante de literatura clássica de 21 anos, que considerou sua admissão na instituição como o “maior privilégio” de sua vida.

Os líderes da seção de Harvard da Associação de Professores Universitários classificou a decisão como “a última de uma série de medidas abertamente autoritárias e retaliatórias contra a mais antiga instituição de ensino superior dos Estados Unidos”.

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