Política

Ministro recebe no Planalto indiciado pela PF por forjar áudio fake de Lula em 2022

Givaldo Ricardo, ex-assessor no governo de Sergipe, participou de uma reunião como Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência

Ministro recebe no Planalto indiciado pela PF por forjar áudio fake de Lula em 2022
Ministro recebe no Planalto indiciado pela PF por forjar áudio fake de Lula em 2022
Givaldo Ricardo (à direita do ministro Márcio Macêdo na fotografia, o indiciado pela PF, é gerente de comunicação no Sebrae Sergipe - Instagram/Adriano Henrique/SGPR
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O ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência, recebeu no Palácio do Planalto – fora da agenda – um ex-assessor do governo de Sergipe indiciado pela Polícia Federal por ter encomendado um áudio falso do presidente Lula (PT) nas eleições de 2022. O encontro ocorreu na terça-feira 20 e foi divulgado pelo auxiliar do petista nas redes sociais.

Ex-superintendente de comunicação da gestão Belivaldo Chagas, o comunicador Givaldo Ricardo confessou a prática à Justiça e pagou uma multa de 9 mil reais para encerrar a investigação do caso. O valor foi revertido para um fundo público de interesse social, como mostrou CartaCapital em outubro de 2024.

O comunicador esteve no Planalto acompanhado de Priscila Felizola, superintendente do Sebrae Sergipe, onde ele é gerente de comunicação atualmente. A agenda, segundo nota da secretaria-geral, está relacionada à parceria da instituição com a pasta no âmbito do programa Pró-Catador, relançado em 2023 para fortalecer a cadeia produtiva dos catadores de materiais recicláveis.

“Além dele, também estava presente Fausto Duarte, assessor da superintendente. Portanto, eles vieram à reunião acompanhando a superintendente Priscila Felizola, condição sobre a qual o ministro não tem ingerência“, informou o ministério. Sobre o encontro não constar na agenda, o ministério informou que tem prazo de sete dias para registrá-lo nos sistemas do governo federal.

Givaldo e outras duas pessoas foram indiciadas pela PF em julho do ano passado. Os investigadores apontaram que eles supostamente integrariam um organização criminosa com objetivo de “produzir documentos falsos e divulgá-los nas redes sociais para prejudicar” adversários do então governador.

A gravação manipulada simulava críticas de Lula ao senador Rogério Carvalho, que disputava o comando do Executivo estadual no segundo turno contra Fábio Mitidieri (PSD). Não foi possível comprovar se o áudio foi solicitado pela campanha pessedista.

Os investigadores afirmaram à Justiça que Givaldo teria tido a ajuda de Rodrigo Leão dos Santos e Carlos José Walter Costa para tentar prejudicar o senador petista. Foram localizadas mensagens do trio sobre a edição do áudio, assim como uma pasta de projeto nomeada “Belivas/Lula Rogério Não”.

De acordo com a corporação, a edição foi feita por Rodrigo e orientada por Carlos José. Os dois teriam recebido 5 mil reais pelo serviço por parte de Givaldo Ricardo.

Às autoridades, o ex-superintendente e Carlos José ficaram em silêncio. Já Leão negou ter falsificado o áudio e afirmou ter iniciado uma edição destinada a uma página de humor, sem terminar o trabalho.

“O processo de edição envolveu pós-produção, tipicamente utilizado com o objetivo de deixar as edições mais realistas e mais difíceis de serem percebidas, sendo utilizados quatro arquivos de áudio, dois deles para ambientação de ruído de fundo”, observou a PF.

O trio foi enquadrado em dois dispositivos do Código Eleitoral: divulgação de fatos inverídicos para influenciar o eleitorado (art. 323), com aumento de pena em um terço por conta da veiculação em meios de comunicação; e falsificação de documento (art. 349). Também há menção ao crime de associação criminosa.

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