Mundo
Ministra da Justiça da Colômbia renuncia por suposta ‘tentativa de ingerência’ em sua pasta
Em menos de três anos de governo, 55 ministros passaram pelo governo de Gustavo Petro


A ministra da Justiça da Colômbia, Ángela María Buitrago, renunciou ao cargo e denunciou, em uma carta divulgada nesta quinta-feira 15, “tentativas de ingerência” em sua pasta por parte de membros do gabinete do presidente Gustavo Petro, entre eles o ministro do Interior, Armando Benedetti.
Em menos de três anos de governo, 55 ministros passaram pelas 18 pastas do gabinete do primeiro presidente de esquerda na história da Colômbia.
A presença de Benedetti, relacionado com vários escândalos de corrupção, gera discórdia na cúpula do governo e provocou, no início do ano, uma renúncia em massa de altos funcionários.
Buitrago foi a segunda ministra da Justiça de Petro e assumiu o cargo em julho de 2024.
Em sua carta de renúncia, datada de 12 de abril e endereçada ao presidente, a advogada criminalista mencionou “tentativas de ingerência” de funcionários externos à sua pasta. “Minhas atuações não dependem de influências, nem ameaças”, acrescentou.
Em entrevista ao meio Noticias Caracol, Buitrago denunciou pressões de Benedetti e da diretora do Departamento Administrativo da Presidência, Angie Rodríguez, para remover funcionários de seu ministério e nomear em seus lugares “pessoas que não têm capacidade” para exercer esses cargos.
Benedetti negou as acusações e disse nesta quinta, em declaração à imprensa, que denunciará Buitrago por injúria. “Ela disse que eu […] a procurei para falar sobre alguns cargos, e por isso está saindo. Isso é mentira”, afirmou.
Investigado por corrupção e denunciado por violência de gênero, Benedetti foi crucial na ascensão de Petro ao poder.
Em 2022, foi gerente de sua campanha nas eleições presidenciais. Depois, foi nomeado embaixador na Venezuela e na FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura).
Retornou a Bogotá no fim de 2024 e exerceu a função de chefe do gabinete presidencial por alguns meses. Desde março, está instalado como um dos funcionários de maior confiança do presidente como seu ministro do Interior.
Em fevereiro, durante um Conselho de Ministros televisionado, no qual houve choro, críticas e reclamações, muitos integrantes do alto escalão, entre eles a vice-presidente Francia Márquez, rejeitaram a presença de Benedetti no governo.
Nos dias posteriores à polêmica reunião, mais de uma dezena de ministros e secretários renunciaram a seus cargos.
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