Política
Bolsonaro admite ter discutido com militares formas de se manter no poder após perder eleição de 2022
O ex-presidente afirmou considerar ‘normal’ o teor da reunião com os ex-comandantes das Forças Armadas. Episódio é um dos citados na ação penal contra Bolsonaro no STF


O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu nesta quarta-feira 14 que conversou com os então comandantes das Forças Armadas sobre estado de sítio e estado de defesa após perder as eleições de 2022 para Lula (PT). O ex-capitão deu a declaração em entrevista aos jornalistas Carla Araújo e Josias de Souza, do site UOL.
A conversa, conforme descreveu Bolsonaro, teria ocorrido depois que o Tribunal Superior Eleitoral rejeitou os recursos do Partido Liberal contra a invalidação de parte dos votos do segundo turno daquele ano. À época, o TSE também manteve multa de 22,9 milhões de reais à sigla.
Quando ocorreu a rejeição dos recursos, em dezembro de 2022, Bolsonaro disse que foi “conversar com as pessoas de confiança mais próximas” e que questionou os militares sobre possibilidades de se manter no poder “dentro das quatro linhas da Constituição”.
“Aí está a resposta do comandante Freire Gomes [de possibilidade de estado de defesa e de sítio]. O que foi discutido, hipóteses de dispositivos condicionais. Algum problema nisso? […] Não foi anormal discutir essa possibilidade. É um remédio constitucional”, disse o ex-presidente.
Na ocasião, segundo relatório da Polícia Federal, Bolsonaro esteve com Freire Gomes (Exército), Baptista Júnior (Aeronáutica) e Almir Garnier (Marinha) no Palácio da Alvorada – segundo a investigação, somente o último topou o plano de golpe.
“O que ele [Garnier] falava, de vez em quando, era ‘dentro das quatro linhas, estou junto’. Por causa disso, ele estaria favorável a um ato antidemocrático? Outra coisa, você discutir hipótese de dispositivos constitucionais e isso é antidemocrático? Eu acredito que é antidemocrático porque o TSE fez comigo”, disse Bolsonaro.
O ex-presidente ainda comparou sua situação com a da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que, segundo ele, também estudou decretar estado de sítio em 2016, quando sofreu impeachment.
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