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Promotoria descreve duas faces do rapper Diddy em julgamento em Nova York

Para o órgão, o ex-magnata da música é um ‘criminoso violento’, o outro lado de um ‘ícone cultural’ e um empresário bem-sucedido

Promotoria descreve duas faces do rapper Diddy em julgamento em Nova York
Promotoria descreve duas faces do rapper Diddy em julgamento em Nova York
Jornalistas em frente ao tribunal onde Sean 'Diddy' Combs é julgado, em Nova York, em 12 de maio de 2025. Foto: Timothy A. Clary/AFP
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Para a Promotoria, o ex-magnata da música Sean “Diddy” Combs é um “criminoso violento”, o outro lado de um “ícone cultural” e um “empresário” bem-sucedido. Para a defesa, o caso que o levou a julgamento por tráfico sexual e conspiração criminosa se resume a um problema de “amor, ciúme, infidelidade e dinheiro”.

Os 12 membros e seis suplentes do júri que decidirão o destino do empresário de 55 anos, também conhecido como Puff Daddy e P. Diddy, ouviram sobre seus surtos explosivos, sua tentativa de preservar sua reputação e o poder que sua fama lhe proporcionava por meio de subornos.

A equipe de defesa do fundador da gravadora Bad Boy insistiu que, embora parte de seu comportamento fosse questionável — e às vezes equivalesse a abusos domésticos —, não chegava a constituir prova dos crimes de chantagem e tráfico sexual dos quais ele é acusado.

Diddy se declarou inocente de todas as acusações, incluindo a de associação ilícita, supostamente liderada por ele, para cometer crimes sexuais em meio a orgias com drogas e o uso da força, ameaças e violência.

A promotora Emily Johnson alegou que Combs agrediu “brutalmente” sua ex-parceira, a cantora Cassandra “Cassie” Ventura, e ameaçou divulgar vídeos dela participando de elaborados “delírios” sexuais caso ela o contrariasse.

Espera-se que Cassie, cujo testemunho é fundamental para o caso, preste depoimento nesta terça-feira.

Johnson também disse que o rapper incendiou o carro de um homem, pendurou uma mulher em uma sacada, e exigiu coisas impossíveis tanto de suas amantes quanto de seus empregados.

“Deixe-me ser clara… este caso não é sobre as preferências sexuais privadas de uma celebridade”, declarou a promotora. “É de natureza coercitiva e criminosa”, frisou, enquanto Combs observava atentamente, cercado por seus advogados em uma sala lotada de jornalistas, influenciadores e o público.

‘Relação tóxica’

Para sua advogada Teny Geragos, este é um caso “sobre amor, ciúme, infidelidade e dinheiro”.

Geragos descreveu as acusadoras de Diddy como “mulheres capazes, fortes e adultas” e descreveu sua relação com Cassie como “tóxica”, embora “entre duas pessoas que se amavam”.

“Ser um participante voluntário na sua própria vida sexual não é tráfico sexual”, argumentou a advogada, antes de admitir que houve violência doméstica, ainda que seu cliente não esteja acusado por isso.

Com cabelo grisalho, já que não pode tingi-lo na prisão onde aguarda o julgamento desde setembro, ele teve a companhia, no Tribunal Federal do Distrito Sul em Manhattan, de sua mãe Janice e vários de seus filhos.

‘Mulher em apuros’

A primeira testemunha a depor foi Israel Florez, um policial de Los Angeles que atendeu a uma chamada de “uma mulher em apuros” em 5 de março de 2016 no Hotel InterContinental.

Com as declarações de Florez, a promotoria apresentou imagens de uma câmera de segurança nas quais Diddy é visto cobrindo-se com uma toalha, perseguindo Cassie por um corredor do hotel e batendo nela.

Florez disse que depois de acompanhar Combs até seu quarto, o rapper lhe ofereceu um maço de notas. “Ele me disse: ‘não conte a ninguém'”, confessou o agente, que entendeu que se tratava de um suborno.

Após o policial, quem prestou depoimento foi um dançarino que teve relações sexuais, muitas vezes em troca de dinheiro, com Diddy e Cassie entre 2012 e 2013.

Daniel Phillip descreveu seus encontros com o casal, que geralmente envolviam sexo com a cantora enquanto o magnata da música assistia.

Phillip contou que Combs abusou fisicamente de Cassie na frente dele. “Por que ela faz isso, por que fica com esse cara?”, o dançarino lembra de ter pensado. “Tentei explicar a ela que corria um perigo real se ficasse com ele.”

Se for declarado culpado, o outrora produtor de rap e superastro mundial, a quem muitas vezes se atribui ter alçado o hip-hop ao topo da indústria, pode passar o resto da sua vida na prisão.

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