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Sonda soviética cai no Oceano Índico após 53 anos no espaço
Nave construída para explorar Vênus enfrentou problema técnico e permaneceu em órbita por meio século. Módulo caiu no mar em região próxima da Indonésia


Uma sonda espacial lançada há 53 anos pela antiga União Soviética para explorar o planeta Vênus retornou à Terra e caiu no Oceano Índico neste sábado 10, segundo informou a agência espacial russa Roscosmos.
Lançado em março de 1972, o módulo Cosmos 482, porém, nunca cumpriu sua missão de chegar a Vênus porque foi arrastado para fora do curso após um problema técnico em seu foguete. Desde então, a sonda ficou presa em órbita na Terra.
Segundo a Roscosmos, a Cosmos 482 entrou na atmosfera da Terra e atingiu o oceano a oeste de Jacarta, na Indonésia. A localização exata não foi identificada, e, até o momento, não há relatos de detritos recuperados. Se as peças forem encontradas, elas pertencem à Rússia, seguindo um tratado internacional.
A Agência Espacial Europeia também identificou a descida da sonda para a Terra.
O programa soviético de exploração de Vênus
A Cosmos 482 fazia parte do ambicioso programa Venera da União Soviética, que enviou várias sondas a Vênus entre 1961 e 1983.
A missão era levar ao planeta um módulo de pouso equipado com instrumentos científicos – incluindo um espectrômetro de raios gama, fotômetro e sensores atmosféricos.
Embora várias sondas Venera tenham transmitido com sucesso dados da superfície do planeta, a Cosmos 482 saiu do curso logo após seu lançamento.
Após uma aparente tentativa de lançamento em uma trajetória de transferência para Vênus, a nave se separou em quatro pedaços: dois permaneceram na órbita baixa da Terra e caíram em 48 horas, e os outros (presumivelmente o módulo de pouso e a unidade de motor do estágio superior destacada) entraram em uma órbita mais alta, de acordo com dados da Nasa.
Reentrada arriscada
O módulo de quase 500 quilos e um metro de diâmetro vinha sendo acompanhado de perto por agências espaciais preocupadas com os possíveis perigos da reentrada.
Especialistas alertaram anteriormente que, devido à sua construção robusta em titânio – ela foi projetada para sobreviver à atmosfera severa de Vênus – a sonda poderia chegar à superfície da Terra praticamente intacta.
Por se tratar de uma reentrada descontrolada, havia o risco de a sonda cair em terra firme, o que teria o impacto aproximado de um meteorito.
A Rússia planeja lançar uma nova missão espacial para Vênus, conhecida como Venera-D ou Venera 17, marcando a continuação do programa da era soviética.
Embora Vênus tenha aproximadamente o mesmo tamanho da Terra, o planeta é conhecido como “gêmeo maligno”. As temperaturas extremas, a pressão esmagadora, a atmosfera venenosa, as nuvens corrosivas e a intensa atividade geológica fazem dele um dos ambientes mais inóspitos do sistema solar.
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