Augusto Diniz | Música brasileira

Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.

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Após polêmica, Ira! faz show memorável em São Paulo com gritos de ‘sem anistia’

Assim como na capital paulista, a banda deve receber um apoio caloroso nos shows da turnê do álbum ‘Acústico’

Após polêmica, Ira! faz show memorável em São Paulo com gritos de ‘sem anistia’
Após polêmica, Ira! faz show memorável em São Paulo com gritos de ‘sem anistia’
Foto: Augusto Diniz
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A banda Ira! fez nesta sexta-feira 9 o primeiro show em São Paulo na turnê que celebra o álbum Acústico MTV, lançado em 2004. Com casa cheia, o espaço Vibra foi o palco de um caloroso reencontro com o público paulista.

Havia uma expectativa pela apresentação da banda na cidade onde tudo começou, há 40 anos. A ansiedade ganhou tração após o vocalista Nasi ter defendido, em um show em Contagem (MG) no fim de março, que os responsáveis pelos ataques golpistas de 8 de Janeiro de 2023 não recebessem uma anistia.

No show em Minas, o cantor chegou a ser vaiado por uma pequena parcela do público e respondeu com um pedido para que os bolsonaristas deixassem o local. O caso teve uma ampla repercussão, com o cancelamento de quatro apresentações no sul.

A primeira parada na capital paulista foi memorável, com um público altamente receptivo à banda e gritos de “sem anistia”.

O repertório, como não poderia de ser, seguiu principalmente o álbum acústico, com a inserção de poucas músicas que não compõem o trabalho de maior sucesso do grupo.

A abertura ficou por conta de Pra Ficar Comigo e O Girassol, canção de enorme sucesso do álbum Acústico. Depois, Flerte Fatal, com o primeiro grande solo de Edgard Scandurra, fundador remanescente da banda ao lado do vocalista Nasi e compositor da maioria do repertório.

Scandurra é dos maiores guitarristas brasileiros. No formato acústico, toca violão tão bem quanto a guitarra e dá um show à parte.

Após Dias de Luta, o público se manifestou aos gritos de “sem anistia”. A música trata da necessidade de manter a cabeça erguida apesar dos obstáculos. Aos brados da plateia contra o perdão a golpistas, Nasi respondeu levando a mão ao ouvido, como quem diz: “quero ouvir”.

Quebrou-se, assim, o gelo. E ninguém deveria se espantar com a postura do Ira!, com discos repletos de músicas com críticas sociais.

Depois veio Saída, a primeira música de fora do acústico. Em seguida, 15 Anos, Rubro Zorro, Eu Quero Sempre Mais, Poço de Sensibilidade, Por Amor, Tarde Vazia (de enorme sucesso), Vida Passageira, Flores em Você, Ciganos, Muito Além (canção de Scandurra com Arnaldo Antunes que só entrou no DVD do álbum), Boneca de Cera e Tanto Quanto Eu.

A apresentação terminou com as clássicas Envelheço na Cidade e Núcleo Base. A banda voltou para o bis com três canções que não compõem o Acústico: Mudança de Comportamento, Chuto Pedras e Assobio (do último álbum autoral do grupo, de 2020, com forte tom crítico ao momento obscuro que o País vivia) e Bebendo Vinho.

Além de Nasi nos vocais e Edgard Scandurra no violão e nos vocais, a banda da turnê conta com Evaristo Pádua (bateria), Johnny Boy (teclados e violão), Daniel Scandurra (baixolão), Jonas Moncaio (violoncelo) e Juba Carvalho (percussão).

Foi um show memorável de uma banda que conseguiu manter características de sua origem, o punk, com um público fiel. Assim como em São Paulo, o Ira! deve receber um apoio caloroso nos shows até o fim da turnê.

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