Sustentabilidade
Nova carta do presidente da COP30 detalha papel dos ‘Círculos de Liderança’ da Conferência do Clima
O documento também apresenta os quatro pilares do evento que será sediado em Belém, no Pará


Presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago publicou nesta quinta-feira 8 uma nova carta que detalha o chamado para uma mobilização sem precedentes pela mudança do clima, em um mutirão global para incentivar mais ação e ambição climáticas.
Um dos objetivos do mutirão, segundo Lago, é desencadear um movimento com estrutura global, mas que integre ações locais. A carta convida governos, setor privado, setor financeiro, sociedade civil, movimentos sociais, indivíduos, entre outros, para a construção conjunta deste processo.
O ato toma como inspiração ações concretas que já ocorrem nos territórios: agricultores que adotam práticas regenerativas com apoio local; jovens que instalam painéis solares em comunidades vulneráveis; cidades costeiras que organizam brigadas de restauração de mangues; empresas de tecnologia que se unem para descarbonizar data centers; comunidades afrodescendentes que criam programas de educação climática urbana, entre outros. “O espírito comum é de contribuições coletivas, imediatas e autônomas para um futuro sustentável.”
“Imaginemos que, em 2028, o mundo se lembrará de 2025 não apenas como um ano de negociação, mas como um momento de alinhamento global – quando governos, comunidades, empresas e instituições se uniram para mudar a trajetória do relacionamento da humanidade com o planeta. Um ano a ser lembrado como a alvorada de um novo ciclo de cooperação, inovação e prosperidade em todo o mundo”, escreve Lago.
O documento também detalha como será o funcionamento dos ‘Círculos de Liderança’, grupos que travarão, antes da COP em Belém, discussões setorizadas sobre a Conferência do Clima da ONU. Ao todo, quatro núcleos de debates foram organizados, são eles:
- Círculo dos Presidentes das COP, presidido por Laurent Fabius, que comandou a COP21;
- Círculo dos Povos, liderado por Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas do Brasil;
- Círculo de Ministros da Fazenda, chefiado por Fernando Haddad, ministro da Fazenda do Brasil;
- Círculo do Balanço Ético Global, liderado pela Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, Marina Silva. O presidente Lula (PT) e secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, farão a orientação desse último grupo.
Segundo a carta, o primeiro ‘círculo’ será responsável pelo aconselhamento de Lago na COP30, com vistas a melhorar a governança e buscar formas de implementação do Acordo de Paris. O segundo grupo “amplificará a voz dos povos indígenas, comunidades tradicionais e grupos afrodescendentes”. O terceiro, por sua vez, discutirá alternativas para o financiamento climático.
Por fim, o ‘círculo’ liderado por Marina Silva foi, segundo Lago, inspirado no ‘legado’ e ‘bússola ética’ do papa Franciso, e terá a missão de “elevar a consciência global por meio de diálogos inclusivos em diversas regiões, reunindo líderes políticos, intelectuais, acadêmicos, culturais e religiosos, além de vozes de todos os setores da sociedade”.
Lago também divulgou no documento os quatro pilares da conferência de Belém. São eles:
- Mobilização;
- Agenda de Ação;
- Negociação; e
- Cúpula de Líderes.
Leia a íntegra da carta de Lago:
070525_COP30_2carta_PTA carta desta quinta chega em um momento crítico: o novo relatório da Organização Meteorológica Mundial confirma 2024 como o ano mais quente já registrado. Diante desse cenário, Lago afirma que a COP30 deve marcar “um ponto de inflexão na luta climática”, passando da “visão para uma cadeia de ação”, que passa por soluções de baixo carbono e resiliência climática em escala exponencial.
Na primeira carta, lançada em março, o embaixador da COP já havia apresentado a visão para o evento.
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