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Índia bombardeia o Paquistão, que promete responder

Exército paquistanês afirma haver pelo menos oito civis mortos

Índia bombardeia o Paquistão, que promete responder
Índia bombardeia o Paquistão, que promete responder
Ambulância em Muridke, no Paquistão, após ataques indianos em 7 de maio de 2025. Foto: Arif Ali/AFP
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Bombardeios indianos contra várias áreas do Paquistão mataram na madrugada desta quarta-feira (7, data local) pelo menos oito civis, afirmou Islamabad, que prometeu “responder” a esta nova escalada nas hostilidades entre os dois países vizinhos que possuem armas nucleares.

As hostilidades começaram com um atentado em 22 de abril na parte da Caxemira administrada pela Índia que causou 26 mortes. Nova Délhi assegurou que Islamabad estava por trás da ação, embora o país islâmico negue.

A Caxemira é uma região de maioria muçulmana dividida entre Índia e Paquistão, disputada por ambos os países desde que se tornaram independentes do Reino Unido em 1947.

O Exército paquistanês assinalou que ocorreram “24 bombardeios” contra seis áreas do Paquistão, entre elas a Caxemira e a região fronteiriça do Punjab, onde vive mais da metade dos 240 milhões de habitantes do país.

Seu porta-voz, o tenente-general Ahmed Chaudhry, afirmou que oito civis morreram, entre eles “uma menina de três anos”, e 35 ficaram feridas. Além disso, há dois desaparecidos.

Em uma breve declaração, o governo indiano informou que suas forças haviam atingido “infraestruturas terroristas no Paquistão […] de onde foram organizados e dirigidos ataques terroristas contra a Índia”.

O governo paquistanês anunciou a convocação de uma reunião nesta quarta do Comitê de Segurança Nacional, composto por responsáveis civis e militares e mobilizado apenas para situações extremas.

“O Paquistão se reserva o direito absoluto a responder de forma decisiva a este ataque indiano no provocado. Uma resposta firme já está em andamento”, advertiu o primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif.

A ONU instou “moderação máxima” a ambas as partes e advertiu que “o mundo não pode permitir um confronto militar entre Índia e Paquistão”, disse Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral António Guterres.

Cerca de um ‘conflito maior’

A polícia indiana vincula dois cidadãos paquistaneses com o ataque de abril na Caxemira. Segundo os seus investigadores, eles são membros do grupo jihadista Lashkar-e-Taiba (LeT), radicado no Paquistão e suspeito de ter cometido os atentados em 2008 em Mumbai que deixaram 166 mortos.

Um dos lugares bombardeados é precisamente a mesquita Subhan de Bahawalpur, no Punjab, vinculada, segundo a inteligência indiana, a grupos próximos ao LeT.

O ataque indiano levou o governo da província de Punjab a decretar o fechamento de todas as suas escolas nesta quarta-feira.

“A ação irresponsável da Índia aproxima os dois Estados nucleares de um conflito maior”, advertiu em comunicado o Ministério das Relações Exteriores paquistanês.

Após os bombardeios, numerosas explosões foram ouvidas na Caxemira. Jornalistas da AFP nessa região indiana asseguraram que o ruído dessas detonações estava cada vez mais próximo da Linha de Controle, a fronteira ‘de facto’ entre os países.

“A resposta começou e, se Deus quiser, se acentuará […] Não vai demorar muito para resolver o problema”, disse o ministro da Defesa do Paquistão, Khawaja Asif.

O Exército indiano reportou “disparos de artilharia” aos quais respondeu “de forma apropriada e calibrada”, conforme consta em seu perfil na rede X.

O governo de Nova Délhi, dirigido pelo nacionalista hindu Narendra Modi, afirmou que havia exercido “moderação considerável”.

“Nossa ação é direcionada, equilibrada e busca evitar qualquer escalada. Nenhuma instalação militar paquistanesa foi alvo”, disse o seu gabinete, que assegurou ter informado a Washington sobre seus planos.

Guerra da água

O presidente americano Donald Trump afirmou esperar que os enfrentamentos entre Índia e Paquistão “terminem rapidamente”.

Pouco antes desses bombardeios, o Departamento de Estado dos Estados Unidos havia informado que convocou Índia e Paquistão a trabalharem por uma “resolução responsável” de seu conflito.

Nova Délhi havia acabado de ameaçar “cortar a água” de vários rios que nascem em seu território e percorrem o Paquistão, em represália pelo atentado de abril.

Um dia após esse ataque, a Índia suspendeu sua participação em um tratado assinado em 1960 com o Paquistão, que estabelece que ambos devem compartilhar o controle da bacia de seis rios da Caxemira que convergem em direção ao rio Indo, no Paquistão.

Modi advertiu que “o curso da água pertencente à Índia, que até agora fluía para o exterior, será interrompido”.

Por sua vez, o ministro de Irrigação da região paquistanesa do Punjab, Kazim Pirzada, declarou à AFP que haviam “notado mudanças no Chenab que não têm nada de natural” e que “a vazão do rio, antes normal, se reduziu consideravelmente de um dia para o outro”.

Diversos especialistas temem um confronto militar aberto entre estas potências nucleares.

Há cerca de dez dias, soldados indianos e paquistaneses trocam tiros com armas leves na fronteira; disparos que, segundo Nova Délhi, até o momento não deixaram vítimas.

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