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Alemanha: após segunda votação, conservador Merz é eleito chanceler

Pela primeira vez na história alemã do pós-guerra, um candidato a chanceler federal não conseguiu o número mínimo de votos no primeiro turno da votação no Parlamento

Alemanha: após segunda votação, conservador Merz é eleito chanceler
Alemanha: após segunda votação, conservador Merz é eleito chanceler
Friedrich Merz fracassou no seu primeiro teste no Parlamento alemão. Foto: RALF HIRSCHBERGER / AFP
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Depois de uma votação histórica, quando pela primeira vez na história da Alemanha no pós-guerra um candidato a chanceler federal não foi eleito na primeira rodada de votação no parlamento do país, o líder conservador Friedrich Merz foi eleito nesta terça-feira 6 para chefiar o governo do país.

A escolha aconteceu na segunda votação, realizada horas após a primeira, que pegou a cena política alemã de surpresa, uma vez que se esperava vitória tranquila. O parlamento alemão tem 630 assentos. Para ser eleito, ele precisava de 316 votos – conseguiu apenas 310 na primeira oportunidade, com 307 contrários, três abstenções, um voto invalidado e nove ausências.

Na segunda votação, que garantiu a eleição, Merz chegou a 325 votos favoráveis. O resultado foi recebido com alívio pelos aliados da coalizão com outros partidos que lhe garantiram a maioria absoluta.

Racha na coalizão

O candidato conservador do partido CDU tinha, a princípio, apoios suficientes de sua legenda e dos social-democratas do SPD, com os quais alcançou um acordo para governar em coalizão, o que garantiria a maioria.

O resultado da primeira votação expôs um racha dentro da recém-criada coalizão “preto-vermelho” negociada entre a CDU; seu braço bávaro, a União Social Cristã (CSU); e o Partido Social Democrata (SPD), legenda do chanceler federal que deixa o cargo, Olaf Scholz. Juntas, as siglas têm 328 assentos no Bundestag, 12 a mais do que o necessário para levar Merz ao poder.

Isso significa que há membros do próprio bloco que não endossaram Merz. O colapso de uma coalizão é justamente o indicativo de que o governo não possui apoio parlamentar. Foi o que motivou Scholz a convocar as eleições antecipadas em fevereiro que deram vitória à CDU, por exemplo.

Extrema-direita comemora o fracasso

O AfD, partido da extrema-direita da Alemanha, comemorou o fracasso da primeira votação. A colíder do partido Alice Weidel afirmou que os resultados mostraram a fragilidade da nova coalizão federal.

“Isso mostra a base fraca sobre a qual está construída a pequena coalizão da CDU/CSU e do SPD, que foi rejeitada pelos cidadãos”, escreveu no X.

“Isso é bom, porque essa extensão da fraude eleitoral, para se tornar chanceler dessa forma e depois simplesmente ser aprovado, não deveria acontecer”, disse o secretário do grupo parlamentar da AfD, Bernd Baumann, em um vídeo no X.

Para Baumman, Merz “pagou o preço por todas as suas maquinações prévias”. Depois de fechar um acordo de coalizão com os social-democratas no mês passado, Merz irritou a oposição ao forçar uma reforma constitucional no parlamento e passar um superpacote de gastos que permitiria ao seu futuro governo aumentar a dívida pública para investimento em defesa e infraestrutura.

Apesar disso, a AfD disse que não vai tentar obstruir a próxima rodada de votação.

Irritação com Merz aumenta

Merz foi o vencedor das eleições legislativas de 23 de fevereiro e é visto com esperança em uma Europa desorientada pela política diplomática do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Mesmo antes de ser nomeado, ele já enfrenta a irritação de uma parte de seu eleitorado conservador, por flexibilizar recentemente as rígidas normas de endividamento para conseguir financiar o rearmamento e a modernização das infraestruturas do país.

(Com informações de AFP e DW)

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