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Gabinete de segurança de Israel aprova plano que inclui a ‘conquista’ de Gaza
A intenção do governo de Netanyahu é fazer com que os palestinos deixem o enclave; proposta é apoiada por Trump, que pretende fazer um resort de luxo na região


O gabinete de segurança de Israel aprovou um plano para expandir as operações militares em Gaza, que inclui a “conquista” do território palestino e fazer com que a população local deixe o enclave, informou nesta segunda-feira 5 uma fonte do governo.
Horas antes da decisão, o Exército anunciou no domingo 4 a mobilização de dezenas de milhares de reservistas para ampliar a ofensiva na Faixa contra o movimento islamista Hamas.
“O plano incluirá, entre outras coisas, a conquista da Faixa de Gaza e a manutenção dos territórios”, assim como “movimentar a população de Gaza para o sul para sua proteção”, afirmou a fonte.
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu também “continua apoiando” a ideia do presidente americano Donald Trump de promover a emigração voluntária dos habitantes de Gaza para países vizinhos, como Jordânia e Egito, acrescentou a fonte.
Jordânia e Egito, no entanto, já expressaram oposição à proposta.
O gabinete de segurança, que inclui Netanyahu e vários ministros, “aprovou de forma unânime” o plano, que pretende derrotar o Hamas, movimento que governa Gaza, e garantir o retorno dos reféns israelenses ainda em cativeiro.
A fonte consultada pela AFP disse que o plano inclui desferir “golpes poderosos ao Hamas”, sem especificar sua natureza.
O gabinete de segurança também aprovou “a possibilidade de uma distribuição de ajuda humanitária” em Gaza, que está sob bloqueio israelense severo desde 2 de março.
O gabinete argumentou que “atualmente há comida suficiente” no território, apesar da advertência de organizações humanitárias e agências da ONU sobre as consequências do bloqueio para os 2,4 milhões de habitantes de Gaza.
Família dos reféns, indignadas
Israel intensificou os bombardeios aéreos e ampliou as operações terrestres na Faixa de Gaza desde que retomou a ofensiva no território palestino em 18 de março. A Defesa Civil do território anunciou nesta segunda-feira que 19 pessoas morreram em ataques de Israel no norte de Gaza.
O governo alega que o objetivo é forçar o Hamas a libertar os reféns.
Um argumento que não convence o Fórum das Famílias dos reféns capturados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 no sul de Israel, durante um ataque surpresa devastador.
Um comunicado divulgado pelo fórum afirma que o plano anunciado “sacrifica os reféns”.
“Esta manhã, o governo reconheceu que escolhe o território em vez dos reféns, ao contrário do desejado por mais de 70% da população”, acrescenta o texto do Fórum das Famílias.
O Hamas mantém 58 reféns, do total de 251 sequestrados em 7 de outubro de 2023. O ataque do movimento islamista naquele dia provocou as mortes de 1.218 pessoas do lado israelense, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.
A operação israelense de represália matou pelo menos 52.535 pessoas desde então em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas.
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