Política

Debate sobre jornada 6×1 e reação a fraude no INSS: o discurso de Lula no 1º de Maio

O presidente não comparecerá a atos do Dia do Trabalhador, nesta quinta-feira

Debate sobre jornada 6×1 e reação a fraude no INSS: o discurso de Lula no 1º de Maio
Debate sobre jornada 6×1 e reação a fraude no INSS: o discurso de Lula no 1º de Maio
O presidente Lula. Foto: Evaristo Sa/AFP
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Em pronunciamento nesta quarta-feira 30, véspera do Dia do Trabalhador, o presidente Lula (PT) afirmou que seu governo aprofundará o debate sobre o fim da escala 6 x 1 e disse ter cobrado o ressarcimento dos valores desviados de aposentados e pensionistas do INSS.

“Na última semana, o nosso governo, por meio da Controladoria-Geral da União e da Polícia Federal, desmontou um esquema criminoso de cobrança indevida contra aposentados e pensionistas, que vinha operando desde 2019. Determinei à Advocacia-Geral da União que as associações que praticaram cobranças ilegais sejam processadas e obrigadas a ressarcir as pessoas que foram lesadas”, declarou.

Sobre a jornada de seis dias de trabalho e apenas um de descanso, pontuou ser a “hora do Brasil dar esse passo, ouvindo todos os setores da sociedade, para permitir um equilíbrio entre a vida profissional e o bem-estar de trabalhadores e trabalhadoras”.

Lula também destacou os indicadores econômicos dos últimos dois anos e mencionou medidas consideradas vitrines de sua gestão, como o programa de renegociação de dívidas Desenrola Brasil e o projeto de lei que busca isentar do Imposto de Renda quem recebe até 5 mil reais.

“Parabéns e muito obrigado a cada uma e a cada um de vocês, que ajudaram a colocar o Brasil novamente entre as dez maiores economias do mundo e fazer outra vez do nosso País um bom lugar para se viver”, afirmou.

esquema de descontos ilegais nas aposentadorias está sob investigação da PF e da CGU. Entidades associativas teriam desviado até 6,3 bilhões de reais entre 2019 e 2024 — o valor exato, porém, ainda não é conhecido. O escândalo levou à demissão do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e colocou o ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), na berlinda.

Minutos antes de o pronunciamento ir ao ar, o governo Lula nomeou o procurador federal Gilberto Waller Júnior como novo presidente do INSS. Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais e com pós-graduação em Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro, ele ingressou no serviço público como procurador do instituto em 1998.

A crise envolvendo os aposentados deu munição à oposição bolsonarista, que protocolou um requerimento para instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o assunto. A iniciativa conta com apoio de pelo menos 185 deputados – cerca de 60 fazem parte de legendas que a base de Lula, a exemplo de MDB, União Brasil e PSD.

O pronunciamento de Lula foi gravado nesta quarta-feira, por sugestão do ministro da Secomm Sidônio Palmeira. Foi uma estratégia para transmitir sua mensagem aos trabalhadores devido à ausência de Lula nos atos convocados pelas centrais sindicais para celebrar o 1º de Maio.

Ao contrário dos anos anteriores, o evento principal será organizado por seis centrais — Força Sindical, UGT, CTB, CSB, Nova Central e Pública — e acontecerá na Praça Campo de Bagatelle, na zona norte da cidade de São Paulo. Para atrair público, elas retomaram a estratégia de shows e o sorteio de um carro, prática abandonada em 2018.

A CUT, convidada apenas como participante, recusou o arranjo e fará um ato paralelo no ABC Paulista, berço político de Lula. A divisão repete a tensão registrada em 2024, quando o presidente participou de um evento esvaziado no estádio do Corinthians e cobrou publicamente mais mobilização de sua equipe.

Entre as bandeiras das centrais para este ano estão a redução da jornada de trabalho, a queda dos juros, a valorização do salário mínimo, o fortalecimento das negociações coletivas e a igualdade salarial entre homens e mulheres.

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