Augusto Diniz | Música brasileira
Jornalista há 25 anos, Augusto Diniz foi produtor musical e escreve sobre música desde 2014.
Augusto Diniz | Música brasileira
Disco reúne o povo indígena Fulni-ô e os mestres de tambor de mina, bumba meu boi e maracatu
Projeto estabelece um diálogo entre a musicalidade indígena e ritmos da cultura popular do Nordeste
O álbum recém-lançado Khletxaka, disponível nas plataformas de música, promove um diálogo entre o povo Fulni-ô, do município de Águas Belas, no agreste pernambucano, a mestra Zezé Menezes, da Casa Fanti Ashanti (MA), o mestre Walter, do Maracatu Raízes de África do Recife (PE), e o mestre Ribinha, do Bumba Meu Boi de Maracanã (MA).
Os responsáveis por essa interação são os músicos do Ponto Br, cujo trabalho foca nas tradições populares. A cantora e contrabaixista Renata Amaral, integrante do coletivo, assina a direção artística e musical de Khletxaka.
Ela explica que o tambor de mina, o bumba meu boi e o maracatu têm uma forte influência indígena. Por outro lado, Renata diz serem perceptíveis nos Fulni-ô os traços de sua musicalidade absorvidos pela cultura popular nordestina.
O álbum Khletxaka aprofunda essa relação. “É um diálogo que deu muito certo porque os Fulni-ô tem essa musicalidade de matriz nordestina, com uma excelência vocal impressionante. E suas tradições dialogam muito bem com outros mestres (da cultura popular).”
“Os Fulni-ô são um dos últimos povos indígenas que mantêm a língua-mãe, o yaathe. O fato de eles cantarem na língua materna, em diálogo com as outras línguas africanas dos mestres, traz toda uma sonoridade brasileira”, acrescenta.
Khletxaka, de nove faixas, foi idealizado por meio de um edital de música do programa Funarte Retomada 2023, ligado ao Ministério da Cultura. Os envolvidos no projeto, incluindo indígenas e mestres, fizeram residência artística em São Paulo para conceber o álbum. Segundo a diretora musical, o processo de produção foi extremamente orgânico.
Assista à entrevista sobre o projeto da diretora musical, cantora e instrumentista Renata Amaral a CartaCapital:
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