Fred Melo Paiva

fred@cartacapital.com.br

Jornalista, indicado ao Emmy Internacional com a série 'O Infiltrado'. Autor dos livros 'O Atleticano Vai ao Paraíso' e 'Bandido Raça Pura'. Foi repórter e editor-executivo em CartaCapital.

Opinião

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Abdome hostil

Contra flatos (se é que os houve) não há argumentos

Abdome hostil
Abdome hostil
Imagem: iStockphoto
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OLÁ! ESTAS SÃO AS NOTÍCIAS DO HOSPÍCIO! Um compêndio dos temas mais lisérgicos da política nos últimos dias. Um passeio pelas entranhas do Brasil doidão, seus intestinos grossos e delgados. Além do reto: um papo reto, para os anais da história.

E ATENÇÃO! PLANTÃO NH URGENTE! Às 10h09 da sexta-feira passada, o STF publicou a decisão que tornou réus Bolsonaro e mais sete elementos. Às 10h20, Bozo Hell deu entrada em hospital sentindo dores abdominais intensas. Encontrava-se novamente entupido. Segundo informações do boletim médico, não passava nem sinal de Wi-Fi.

“O presidente tinha um abdome hostil”, revelou o médico Cláudio Biroloni, a corroborar suspeitas de que o cérebro de Bozo faça parte de seu abdome. ­Biroliro citou ainda “aderências causando um quadro de obstrução intestinal”, argh!, justamente a porção onde se concentraria a massa cinzenta do ex-presidente.

Antes do mais recente entupimento, Bolsonaro incriminou a si próprio em ocasiões diversas, além de ter obrado o já célebre discurso POPCORN AND ICE CREAM SINNERS, o que revelava, na verdade, um quadro de incontinência. O bostejar excessivo era sinal de que algo não ia bem em seu abdome hostil.

“Uma parede abdominal bastante danificada em função da facada e das cirurgias prévias”, observou Cláudio Biroloni, que substituiu o cirurgião Antônio Macedo, médico que operou Bozo em cinco oportunidades desde que Adélio desferiu o golpe. A propósito, bolsominions precisam valorizar mais o Adélio. Trata-se do único golpista cuja intervenção deu a cadeira da Presidência a Bolsonaro. Fez mais sozinho do que Marinha, PRF, Abin e PM do Distrito Federal juntas.

SUBSTITUIÇÃO EM CAMPO! Macedo perdeu o posto de operador de Bolsonaro porque Micheque teria tomado conhecimento das várias cirurgias feitas pelo médico para tratar um câncer benigno da deputada federal Amália Barros ­

(PL–MT), que acabou falecendo no ano passado. A decisão final foi tomada em rachadinha entre a ex-primeira-dama e o senador Flávio Bolsonaro.

Antes de ser afastado, no entanto, Macedo chegou a ser contatado pelo ex-ministro Gilson Machado ainda na madrugada da sexta-feira, e prontamente se colocou à disposição para voar de São Paulo a Natal. Gilson é médico e foi quem assumiu os primeiros cuidados. Não se sabe se o fato de ser médico veterinário tenha significado alguma vantagem.

Contra flatos (se é que os houve) não há argumentos, e Bolsonaro foi obrigado a entrar na faca mais uma vez. Foram 12 horas de cirurgia, a mais extensa desde que Adélio abriu os trabalhos, em 2018. “Duas horas para acessar a cavidade abdominal”, credo. Nada surpreendente, porém: o abdome hostil pode ser visto até mesmo por quem olha de fora. Uma barriga de tanquinho, vamos dizer, um tanquinho de guerra depois de abatido pelo inimigo.

E ATENÇÃO! NOVO BOLETIM MÉDICO! “As 48 horas após a cirurgia são as mais críticas, há risco de infecções e tromboses.” Bom, já foi. “Bolsonaro está acordado e consciente. Já fez piada e está tudo sob controle.” Bosteja normalmente, portanto, segundo a equipe médica.

THAT’S ALL, FOLKS! SEM ANISTIA! Voltamos a qualquer momento com novas e alvissareiras informações. •


Jornalista, indicado ao Emmy Internacional com a série O Infiltrado. Autor dos livros O Atleticano Vai ao Paraíso e Bandido Raça Pura.

Publicado na edição n° 1358 de CartaCapital, em 23 de abril de 2025.

Este texto aparece na edição impressa de CartaCapital sob o título ‘Abdome hostil’

Este texto não representa, necessariamente, a opinião de CartaCapital.

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