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Provável novo líder alemão quer fornecer mísseis à Ucrânia

Friedrich Merz acena com envio a Kiev dos mísseis de cruzeiro Taurus, que têm 500 km de alcance, e sugere destruir ponte da Crimeia. Ex-presidente russo Medvedev reage com ameaça

Provável novo líder alemão quer fornecer mísseis à Ucrânia
Provável novo líder alemão quer fornecer mísseis à Ucrânia
Friedrich Merz, o líder da conservadora União Democrata Cristã (CDU) da Alemanha. Político terá que equilibrar interesses para formar o novo governo do país. Foto: INA FASSBENDER / AFP
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A Alemanha poderá fornecer mísseis de cruzeiro Taurus para a Ucrânia, caso conte com a aprovação dos aliados europeus, afirmou o provável novo chanceler federal alemão, Friedrich Merz, à emissora de TV ARD neste domingo 13. Tal passo constituiria uma mudança de paradigma por parte da coalizão de governo entre o bloco conservador formado por União Democrata Cristã e União Social Cristã (CDU/CSU) e o Partido Social-Democrata (SPD), que deve ser empossada em 6 de maio.

Até agora, o chanceler federal em exercício, Olaf Scholz, do SPD, rechaçou a entrega dos Taurus, por temer que a arma de precisão com 500 quilômetros de alcance pudesse ser usada para atingir o interior da Rússia, inclusive a capital Moscou. Além disso, o emprego dos mísseis exigiria inevitavelmente a mobilização de soldados alemães para o controle de mira, o que transformaria o país em um partido da guerra deflagrada em 24 de fevereiro de 2022, justificava Scholz.

Em outubro de 2024, ainda como líder da oposição, Merz defendeu o fornecimento dos Taurus, afirmando que então caberia ao presidente russo, Vladimir Putin, decidir “até que ponto ele ainda quer escalar essa guerra”. Os social-democratas o acusaram na época de impor ultimatos perigosos e de brincar com a segurança alemã.

“Pensa duas vezes, nazista!”

Na entrevista deste domingo, Merz argumentou que os Taurus poderiam representar para os ucranianos a chance de saírem da defensiva. No caso de novas ofensivas russas, Kiev deveria estar apta a “por exemplo, destruir a principal ligação terrestre entre a Rússia e a Crimeia”, pois na península ucraniana anexada ilicitamente pela Rússia em 2014 encontraria-se a maior parte das reservas militares do exército russo.

O vice-chefe do Conselho Nacional de Segurança russo e ex-presidente Dmitri Medvedev reagiu com virulência às declarações do conservador: “Pensa duas vezes, nazista!”, ameaçou na plataforma X. Quanto à sugestão de destruir a ponte para a Crimeia, acrescentou: “Fritz Merz é assombrado pela lembrança de seu pai, que serviu na Wehrmacht de Hitler.”

Citado pela agência estatal de notícias Tass, o porta-voz Kremlin, Dmitri Peskov, classificou Merz como “um defensor de uma postura mais dura e de diversos passos” que “inevitavelmente podem e vão resultar em uma escalada ainda maior na Ucrânia”. A Rússia estaria registrando ainda “posições semelhantes” em outras capitais europeias.

O posicionamento de Merz em relação aos Taurus teve boa repercussão entre os ministros do Exterior da UE reunidos em Luxemburgo nesta segunda-feira. “Acho que seria um sinal bem importante de onde a Europa se encontra, nesta situação”, observou o chefe de pasta holandês, Caspar Veldkamp.

Seu colega polonês, Radoslaw Sikorski, elogiou a proposta do líder conservador alemão como “muito boa”.

A chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, enfatizou: “Temos que fazer mais para que a Ucrânia possa se autodefender e que civis não tenham que morrer.” A política estoniana informou ainda que a comunidade europeia está elaborando o 17º pacote de sanções contra Moscou, a ser apresentado na próxima reunião dos ministros do Exterior, em maio.

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