Economia

Em guerra comercial com os EUA, China vê exportações saltarem 12,4% em março

As importações chinesas, por outro lado, sofreram queda, com significativa redução da compra de soja

Em guerra comercial com os EUA, China vê exportações saltarem 12,4% em março
Em guerra comercial com os EUA, China vê exportações saltarem 12,4% em março
Xi Jinping, presidente da China Foto: Athit Perawongmetha / POOL / AFP
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Principal alvo das tarifas comerciais do governo Donald Trump, a China registrou um aumento de 12,4% nas suas exportações em março, na comparação com o mesmo mês do ano anterior.

O salto é o maior em cinco meses e supera com folga o crescimento registrado em janeiro e fevereiro, cuja alta foi de 2,3%. A subida acentuada se deve ao fato de que as fábricas chinesas intensificaram os embarques das suas produções antes dos sucessivos aumentos de tarifas promovidos por Trump.

Pouco depois de voltar à Casa Branca, Trump anunciou, já no início de fevereiro, que iria impor tarifas de 10% sobre todas as importações chinesas. Com o anúncio, Trump dava início a uma cruzada comercial que se intensificou a níveis inimagináveis, até pouco tempo atrás.

Em março, por exemplo, o governo norte-americano acrescentou 10% de tarifas aos produtos produzidos pela China. Desde o dia 2 de abril, porém, EUA e China começaram a revidar, de maneira recíproca, no campo comercial. Atualmente, as taxas norte-americanas para produtos chineses estão na casa dos 145%, enquanto a China cobra tarifas de 125% para produtos feitos nos EUA.

O aumento das exportações da China acontece na esteira de uma queda das importações. Segundo dados do governo chinês, a compra de produtos feitos no exterior caiu 4,3% no último mês de março, na comparação com o mesmo mês de 2024, denotando problemas na demanda interna da China. No início do ano, a queda já tinha sido de 8,4%.

Detalhes

Com os dados de exportação e importação, a China divulgou que teve um superávit comercial de 102,62 bilhões de dólares em março. O número é superior aos 104,8 bilhões de dólares registrados em dezembro, quando Pequim confirmou que 2024 foi responsável pelo maior superávit comercial já registrado por um país em um ano, superando a barreira de 1 trilhão de dólares.

No caso específico da relação comercial com os EUA, o superávit da China ficou em 76,6 bilhões de dólares no primeiro trimestre deste ano. O dado consolidado mostra crescimento em relação ao mesmo período do ano passado, quando o saldo positivo foi de 70,2 bilhões de dólares. 

A soja, o pêndulo do comércio entre China e EUA

Nos dados apresentados por Pequim, o movimento de queda na compra de um produto específico chama a atenção: a soja. Segundo o governo chinês, as importações totais de soja da China caíram 36,8% em março, na comparação com o mesmo mês de 2024.

Ainda é cedo para medir os reais efeitos das tarifas impostas por Trump sobre o mercado de soja, mas produtores norte-americanos já veem no muro tarifário motivos para dor de cabeça. Diante da quase impossibilidade de comércio, a China pode apostar na busca por novos parceiros comerciais, o que, segundo especialistas, pode abrir portas para o Brasil.

Anualmente, a China compra mais de 15 bilhões de dólares de soja norte-americana, e, apesar do país oriental ser o principal destino para os exportadores dos EUA, o montante tende a diminuir. Sozinho, o mercado de soja é responsável por 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano, movimentando 125 bilhões de dólares por ano. A Associação Americana da Soja chamou a escalada contínua de tarifas como “preocupante”.

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