Diversidade

Justiça condena mulher que fez ofensas homofóbicas a casal em SP

À época, Jaqueline Santos dirigiu ofensas e tentou agredir um casal de homossexuais em uma padaria justificando que “eles são viados e acham que podem fazer o que querem, até ir onde a gente está”

Justiça condena mulher que fez ofensas homofóbicas a casal em SP
Justiça condena mulher que fez ofensas homofóbicas a casal em SP
Jaqueline Santos Ludovico é condenada a 2 anos e 4 meses de reclusão por crime de injúria racial contra casal homoafetivo. Foto: Reprodução
Apoie Siga-nos no

A Justiça condenou Jaqueline Santos Ludovico a 2 anos e 4 meses de prisão por injúria racial pelas ofensas homofóbicas contra um casal gay na padaria Iracema, no bairro da Santa Cecília, região central de São Paulo.

O caso ocorreu em 3 de fevereiro de 2024, quando o jornalista Rafael Gonzaga e o namorado Adrian Grasson Filho voltavam de uma festa e pararam no estabelecimento para comer. Desde o caminho do estacionamento, Jaqueline Santos seguiu o casal dirigindo ofensas a ambos.

As agressões verbais continuaram dentro da padaria, momento em que Jaqueline foi filmada tentando agredir o casal, enquanto estava acompanhada da amiga Laura Athanassakis Jordão, que também foi denunciada. Nas gravações, a agressora afirmava que “eles são viados e acham que podem fazer o que querem, até ir onde a gente está. Os valores estão sendo invertidos. Eu sou de família tradicional e tenho educação, diferente dessa porra aí”. Entre outras ofensas, Jaqueline teria dito que era “branca” e “muito mais macho” que ambos.

Jaqueline e Laura foram denunciadas ainda em 2024 pelo Ministério Público de São Paulo pelos crimes de homotransfobia, enquadrado no crime de injúria racial, ameaça e lesão corporal.

Na decisão, a juíza Ana Helene Rodrigues Mellim condenou Jaqueline apenas pelo crime de injúria racial e absolveu Laura de todas as denúncias. Na justificativa, a magistrada aponta que o laudo pericial não consta lesão e não é possível precisar pelas imagens registradas se as vítimas foram de fato machucadas pela agressora ou pelos próprios funcionários da padaria tentando apartar a briga e, por isso, decidiu não condenar pela acusação de lesão corporal.

Além da reclusão de 2 anos e 4 meses, a juíza também condenou Jaqueline a pagar cinco salários-mínimos para cada uma das vítimas como indenização por danos morais.

Nas redes sociais, Rafael compartilhou um vídeo comentando o caso e a vitória na Justiça, embora considere a pena aplicada branda. “As pessoas precisam saber que homofóbicos são condenados neste país”, afirmou.

Sobre a condenação aplicada, Rafael destacou que a reclusão de apenas dois anos, que pode ser convertida em serviços sociais, é decepcionante, mas representa um grande passo no combate a homofobia. “É decepcionante sim, a nossa justiça é decepcionante para minorias sociais, e a nossa luta é todo dia para que essa justiça passe a ser justa.”, concluiu.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo