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Argentina vive a 3ª greve geral contra Milei, que tenta desqualificar a mobilização
Entidades protestam contra medidas de ajuste fiscal promovidas pelo governo ultraliberal


A Argentina vive a sua terceira paralisação geral contra o governo de Javier Milei. Convocada para esta quinta-feira 10 pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), a principal central sindical do país, a greve é um sinal da agremiação contra uma série de problemas atribuídos ao governo ultraliberal.
A CGT pede a homologação de acordos coletivos de trabalho, assim como o aumento de aposentadorias e pensões. A organização também se queixa dos sucessivos episódios de violência policial promovidos pelo governo argentino, na figura da ministra da Segurança, Patricia Bullrich.
A paralisação acontece por 24 horas. Na capital, Buenos Aires, ela diminuiu o movimento nas ruas, mas os ônibus funcionam normalmente. O sindicato de trabalhadores do setor não aderiu à greve, embora os sindicatos de ferroviários, do metrô e dos táxis participem.
Nas escolas portenhas, a prefeitura confirmou que descontará o pagamento dos professores que não foram trabalhar.
A CGT aproveitou o dia para criticar empresas e entidades que decidiram cortar os salários. “É lamentável que descontem o dia”, reagiu a agremiação, lembrando que os trabalhadores estão amparados pela lei. Ainda assim, segundo a CGT, a paralisação ganhou força e é importante “para fazer mudar a política”.
Demandas
A CGT diz que o custo do ajuste fiscal de Milei “recaiu sobre os trabalhadores ativos e aposentados, enquanto o setor financeiro multiplicou obscenamente seus lucros”.
“O ansiado equilíbrio fiscal – obtido por meio do desmantelamento do Estado, de seus organismos de controle, de suas empresas e do abandono das obras públicas – multiplicou o desequilíbrio social.”
Milei ignora
O governo argentino, porém, manteve o script adotado nas paralisações anteriores, mostrando-se indiferente às demandas e partindo ao ataque contra os que se juntaram à paralisação.
Nas estações de trem do país, o governo exibiu uma mensagem a dizer que a greve representa um “ataque à República”. “A casta sindical atenta contra milhões de argentinos que querem trabalhar. Se te extorquirem ou te obrigarem a parar, denuncie”, diz o governo.
Diante da paralisação, Milei decidiu realizar uma reunião de gabinete, publicando nas redes sociais uma foto com ministros e autoridades. Bullrich, um dos nomes mais próximos ao presidente, afirmou que “as ruas já não pertencem aos que pressionam, mas aos que trabalham”.
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