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Autor de ameaça a juíza que condenou Le Pen pega prisão condicional na França
O homem publicou nas redes sociais uma ofensa à magistrada, acompanhada da foto de uma guilhotina


A Justiça da França condenou, nesta quarta-feira 9, um homem de 76 anos a oito meses de prisão condicional por insultar e ameaçar de morte pela internet a presidente do tribunal que condenou a líder da extrema-direita Marine Le Pen.
Le Pen foi condenada em 31 de março a cinco anos de inelegibilidade, com vigência imediata, e dois anos de prisão, que poderão ser cumpridos com tornozeleira eletrônica, por desviar fundos públicos europeus, o que a impede, por enquanto, de se candidatar à eleição presidencial de 2027.
Após a divulgação do veredicto, o detido “publicou em sua conta no X a seguinte declaração: ‘O que essa puta merece’, acompanhada da fotografia de uma guilhotina”, segundo a promotoria de Bobigny.
O tribunal correcional de Paris condenou Le Pen, seu partido, Reagrupamento Nacional (RN), e outras 23 pessoas vinculadas à formação pelo desvio de cerca de 4 milhões de euros (26,7 milhões de reais, na cotação atual) do Parlamento Europeu entre 2004 e 2016.
Desde então, os magistrados que condenaram Le Pen têm sido alvo de ameaças violentas, e a presidente do tribunal inclusive precisa de proteção policial, com patrulhas regulares ao redor de sua residência.
O aposentado, que também foi condenado a uma multa de 3 mil euros (20 mil reais), tentou convencer os juízes de que sua mensagem não era uma ameaça para a juíza Bénédicte de Perthuis.
O simpatizante de extrema-direita, nascido na Argélia em 1948 — quando o país estava sob controle francês — e que chegou à França aos 14 anos, disse sobre a foto da guilhotina que compartilhou: “Para mim, é um símbolo da justiça e queria dizer que alguns magistrados talvez deveriam ser julgados”.
O homem, sem antecedentes criminais e ex-diretor de uma empresa de informática, acrescentou que publicou a mensagem devido à “ira” que sentiu pela condenação de Le Pen.
A advogada que o defendeu disse que sua conta na rede social “não é seguida por milhares” de pessoas e que “o alcance de suas opiniões é quase nulo”, pois sua mensagem, no momento do processo, tinha apenas 200 visualizações.
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